Terceira idade: estilo de vida é um dos fatores mais importantes para a saúde dos ossos
O envelhecimento do corpo vem naturalmente acompanhado de consequências como a perda de massa óssea. Para solucionar este problema e evitar osteoporose e fraturas, por exemplo, é comum a ideia de que é preciso suplementar a ingestão de cálcio e vitamina D. Todavia, a adoção de um estilo de vida saudável tem mais impacto na saúde óssea do que a suplementação dessas substâncias.
É o que aponta uma revisão sistemática de 33 pesquisas clínicas anteriores que avaliaram se os suplementos reduziam o risco de fraturas comuns em idosos – como as de quadril e espinha. Ao todo, foram analisados dados coletados de 51 mil participantes com 50 anos de idade ou mais que receberam suplementos de cálcio e vitamina D ou um placebo.
Os resultados não relevaram uma associação significativa entre a suplementação e a redução no risco de fratura na comparação com quem recebeu um placebo ou nenhum tratamento.
“As suplementações devem ser feitas com cuidado e sem excessos quando há carência de algum elemento e são dispensáveis em uma pessoa com ingestão alimentar normal. De forma geral, cada caso deve ser bem avaliado e a suplementação deve ser realizada apenas em situações comprovadas de déficit de determinada substância, quando há restrições alimentares ou doenças bem definidas”, afirma o ortopedista e traumatologista do Hospital Santa Lúcia, George Neri.
Para ele, o estilo de vida adotado é um dos fatores mais relevantes na prevenção de doenças, inclusive as ósseas. “Os praticantes de exercícios físicos regulares costumam ter maior densidade óssea que os sedentários. Além disso, uma alimentação saudável, natural e equilibrada e uma dose diária de sol pelo tempo aproximado de 20 minutos são as melhores formas de prevenir doenças e também os melhores ‘remédios’ para os ossos”, afirma.
“Do mesmo modo, evitar o tabagismo e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, refrigerantes, cafeína e sal também traz benefícios para a saúde dos ossos”, complementa o médico.
O PASSAR DOS ANOS – A massa óssea muda consideravelmente durante as várias fases ao longo da vida. Na infância, adolescência e até os 30 ou 35 anos de idade, ela está em contínua formação. Nessa fase, atinge-se o seu pico e, a partir daí, inicia-se um processo lento de perda, equivalente a 1% ao ano.
“Com a menopausa, as mulheres podem evoluir com uma redução mais intensa de massa óssea, de 2% a 4% ao ano. Já os homens são acometidos pela osteoporose por fatores como a deficiência de testosterona e o próprio envelhecimento”, explica o especialista.
SUPLEMENTAÇÃO – Quando há real carência, as suplementações de cálcio e vitamina D são indicadas. Entretanto, se feitas sem necessidade, elas podem estar associadas a risco aumentado de cálculos renais, ocasionar efeitos colaterais gastrointestinais, interferir na absorção de outros medicamentos e aumentar o risco cardiovascular se em doses muito elevadas.
“Em geral, recomenda-se a ingestão de cálcio de 1000 a 1500mg /dia, e uma alimentação saudável e diversificada pode fornecer esse volume da substância. Mulheres com mais de 50 anos de idade e homens acima de 70 requerem 1.200 mg/dia, que devem preferencialmente ser obtidas na dieta”, informa George Neri.
“Já no caso da vitamina D, cerca de 80 a 90% de sua fonte são obtidos pela exposição solar e apenas uma menor parte por meio da alimentação. Assim, é importante que a necessidade individual seja analisada por um profissional da saúde, que poderá determinar se apenas o sol e uma alimentação rica na substância seriam suficientes”, completa.
FONTES DE CÁLCIO E VITAMINA D – O sol é o principal estímulo para a produção da vitamina D pelo organismo. Pescados como salmão, atum e sardinha, derivados lácteos, ovos e carne bovina também contribuem para sua produção. Os mesmos alimentos também são boas fontes de cálcio, além do leite e de folhas verdes-escuras.