Sintomas da esclerose múltipla ainda são confundidos com outras doenças
Dificuldade do diagnóstico está no fato de que os pacientes, principalmente mulheres e jovens, nem sempre apresentam um quadro clínico característico
Dez em cada 100 mil habitantes entre 18 e 45 anos têm esclerose múltipla no Brasil. A doença é autoimune e, em casos mais graves, impede o portador de realizar as suas atividades habituais devido ao acúmulo de incapacidades, tais como déficit de visão, de equilíbrio, sensação de tonteira e paralisia parcial de partes do corpo. Apesar de não ter uma causa certa, sabe-se que a doença acomete mais mulheres e jovens e sua evolução difere de uma pessoa para outra. Segundo a neurologista do Hospital Santa Lúcia, Cláudia Barata, a dificuldade no diagnóstico está no fato de que os pacientes nem sempre apresentam um quadro clínico característico ou têm sintomas que se confundem com outras doenças do sistema nervoso. “Para um diagnóstico preciso, é necessário descartar a presença de várias outras patologias e realizar exames clínicos específicos, como o de ressonância magnética”, frisa.
A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente (quando os surtos podem deixar sequelas ou não). A primariamente progressiva é a pior forma de esclerose, pois não há tratamento. Sua progressão pode causar paralisia dos membros, perda da visão ou demência.
Os sintomas da doença aparecem e desaparecem espontaneamente, em intervalos de dias, semanas, meses ou anos. “Muitas vezes, um surto pode acontecer no dia seguinte ou demorar anos para acontecer novamente”, explica a médica. É fundamental lembrar que a doença é sempre ativa e que, quanto mais sintomas a pessoa tiver, mais chances de sequelas ela também terá. “Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, menos chances de surgirem sequelas”, acrescenta a neurologista.
A doença não tem cura, não é contagiosa e, na maioria dos casos, não é fatal. Apesar de não ser herdada, atinge pessoas geneticamente predispostas à enfermidade e se manifesta de diferentes modos. “Algum fator ambiental, talvez uma infecção viral, faz com a doença se manifeste nas pessoas que têm a predisposição”, observa a neurologista, que informa que a esclerose múltipla raramente acomete pessoas na terceira idade.
Uma vez confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, o tratamento tem dois objetivos principais: abreviar os surtos e tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro. No primeiro caso, os corticosteroides são drogas úteis para reduzir a intensidade dos surtos. No segundo, os imunossupressores e imunomoduladores ajudam a espaçar os episódios de recorrência e o impacto negativo que provocam na vida dos portadores de esclerose múltipla, já que é quase impossível eliminá-los com os tratamentos atuais.
Não há como prevenir a esclerose múltipla. No entanto, a médica frisa que, como em outras enfermidades, a recomendação é manter uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos e, caso a pessoa apresente algum dos sintomas mencionados, procurar um neurologista