Sarampo pode ter consequências graves e levar à morte
Casos da doença cresceram por causa de baixa adesão a campanhas de vacinaçãoEm setembro de 2019, o Ministério da Saúde divulgou que haviam sido confirmados, nos três meses anteriores, mais de 4.500 casos de sarampo em 19 estados brasileiros. O número preocupante representava um aumento de 13% em relação ao último monitoramento (ainda não há dados mais recentes). Mas por que isso está acontecendo?
Segundo o médico infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, a baixa adesão às campanhas de vacinação associada a novos casos de sarampo oriundos de países vizinhos, como a Venezuela, explica a questão e está colocando profissionais e autoridades de saúde em estado de alerta.
“O sarampo é uma doença viral que, inicialmente, pode apresentar um espectro inofensivo, apenas semelhante a um quadro gripal, e, em seguida, evoluir para infecções respiratórias graves, provocando até mesmo a morte do indivíduo contaminado”, explica o especialista. “A doença pode atingir toda a população, mas as crianças e jovens não vacinados ou com esquema vacinal incompleto são os mais afetados”, acrescenta.
Para que a doença volte a ser considerada sob controle, seria preciso atingir 95% de cobertura vacinal em toda as faixas etárias por 2 ou 3 anos consecutivos. Segundo o Ministério da Saúde, as campanhas de 2019 alcançaram 99,4% do público-alvo no Brasil. Antes disso, o país tinha apenas 57,19% das crianças de até um ano vacinadas.
CONSEQUÊNCIAS GRAVES – O sarampo é contraído por via respiratória, especialmente no contato com pessoas doentes quando elas tossem ou espirram. Entre seus sintomas estão a febre com vermelhidão pelo corpo (eritema), conjuntivite e secreção nasal. Como debilita a mucosa do trato respiratório, a doença pode facilitar a instalação de infecções bacterianas, inclusive graves.
“É possível o surgimento de doença pulmonar com pneumonia associada e até lesões pulmonares permanentes. O sarampo é muito perigoso e pode provocar também infecções no sistema nervoso central (encefalite), causando danos cerebrais irreversíveis”, alerta Werciley Júnior.
Não há, contudo, um tratamento específico para a doença. “Neste sentido, o diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações e a contaminação de novos pacientes”, reforça o especialista, ao lembrar que, no Santa Lúcia, as equipes da Emergência estão preparadas para identificar e encaminhar todos aqueles com suspeita da doença e que os profissionais que ainda não estavam imunizados contra a doença receberam a dose da vacina disponível na rede pública.