Passar mais tempo em pé do que sentado melhora a saúde do coração
Praticar exercícios físicos é uma das principais recomendações médicas para uma vida mais saudável. Mas uma pesquisa australiana publicada recentemente revelou que o simples ato de ficar mais tempo em pé do que sentado já traz benefícios importantes para a saúde, especialmente do coração, como a redução dos níveis de açúcar, gordura e colesterol no sangue.
De acordo com o estudo publicado no European Heart Journal, duas horas a mais por dia passadas em pé em vez de sentado reduz em 2% os níveis de açúcar no sangue e em 11% o de triglicerídeos (gordura). Já a cada duas horas gastas caminhando em vez de sentado, os níveis de açúcar no sangue caíram 11% e os de triglicerídios, 14%. Caminhar também reduziu em 11% o índice de massa corporal e em 7,5 cm, em média, a circunferência da cintura.
“Apesar de preliminares, esses dados já são um primeiro indício de que o combate ao sedentarismo não precisa ser feito somente com exercícios físicos e que medidas simples, como ficar de pé em vez de sentado, já produzem efeitos metabólicos satisfatórios”, afirma o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.
Com o uso de equipamentos específicos, a pesquisa monitorou o tempo que cada um dos 782 homens e mulheres participantes passava dormindo, sentado ou deitado, além de caminhando e correndo. Ademais, foram analisadas amostras de sangue, altura, peso e circunferência da cintura para estimar o impacto na saúde de se substituir o período sentado para o em pé ou andando.
“Com os dados disponíveis até hoje, somente o exercício físico era capaz de reverter os efeitos maléficos do sedentarismo. A pesquisa indica que temos formas simples de combater o sedentarismo e a obesidade, que são fatores de risco importante para as doenças cardiovasculares, mas novos estudos são necessários para provocar mudanças nas atuais recomendações de exercício físico, que continuam sendo muito importantes”, reforça o médico.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES – As doenças cardiovasculares (DCV) continuam sendo a principal causa de morte no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), eles fizeram cerca de 17 milhões de vítimas fatais somente em 2011. No Brasil, as DVC são responsáveis por 33% das mortes, cerca de 300 mil por ano, principalmente a partir dos 60 anos de idade.
Entre os principais fatores de risco modificáveis para as DCV estão o tabagismo, o colesterol alterado, a hipertensão arterial, o sedentarismo, o sobrepeso ou obesidade, a excedente circunferência abdominal, o diabetes e a alimentação inadequada, com alimentos processados, ricos em gordura, sal e açúcar.
“Por isso, seguir os seis passos recomendados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia é fundamental: movimente-se, livre-se do cigarro, mantenha um peso saudável, conheça e monitore seus índices de pressão, colesterol, IMC e açúcar, limite a ingestão de álcool e tenha uma alimentação saudável, com frutas, vegetais, grãos integrais e peixes, por exemplo”, recomenda o médico.
PREVINA-SE – Se o indivíduo não for obeso, hipertenso, diabético, fumante e seus índices de colesterol estiverem dentro de parâmetros considerados saudáveis, a primeira consulta com o cardiologista deverá ocorrer aos 30 anos, para homens, e aos 40 anos, para mulheres. Se houver a intenção de iniciar prática de atividade física em alto nível, esta avaliação deverá ser antecipada.
Os exames básicos e essenciais são a história clínica e exame físico detalhado e a análise de um eletrocardiograma. O “kit básico” laboratorial inclui hemograma, sumário de urina, glicemia de jejum e lipidograma. A partir daí, outros exames, inclusive ecocardiograma e teste de esforço, somente serão necessários a partir de alterações eventualmente encontradas na avaliação básica.