Pare de fumar: tabagismo é a principal causa dos aneurismas da aorta
As doenças da aorta, a maior e mais importante artéria do corpo humano, também são incluídas no grupo das doenças cardiovasculares e apresentam alto risco de morte. Os aneurismas – dilatação de segmentos do vaso – são a segunda forma mais comum de enfermidade da aorta. Causados principalmente pelo tabagismo, podem ocorrem tanto na porção torácica da artéria quanto na abdominal, onde sua frequência chega a ser até sete vezes maior.
“Quanto mais idoso for o indivíduo, maior o risco de desenvolver aneurisma de aorta. Além disso, os homens têm maior propensão que as mulheres para essa doença. Seu desenvolvimento pode estar ligado a fatores genéticos e aos clássicos fatores de risco para doença cardiovascular, como tabagismo e hipertensão, além de outros, como sedentarismo, colesterol elevado e obesidade”, explica o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.
Na maioria das vezes, os aneurismas são assintomáticos e detectados através de exames de imagem realizados em check-ups ou para diagnósticos de outras doenças. “Quando sintomáticos, se localizados na aorta torácica, podem se apresentar com dor no peito. Se forem localizados no abdome, podem levar a dores inespecíficas na região abdominal ou nas costas e também a alterações nas pernas pela diminuição do fluxo de sangue para essa região”, explica Stauffer.
A mortalidade pela doença varia de acordo com o tamanho e localização do aneurisma, mas a ruptura e a dissecção – quando a parede da aorta, composta por três lâminas, se divide e permite a entrada de sangue num falso trajeto – são as principais causas de óbitos pela doença. “Essa situação normalmente é uma emergência médica de elevadíssima mortalidade. Os pacientes apresentam uma dor aguda e queda importante da pressão arterial (choque)”, detalha o especialista.
As taxas variam de 2% e 4% na população geral, e tendem a aumentar conforme a idade, chegando a 3% em pessoas acima de 50 anos, a 6% naquelas que já ultrapassaram os 65 anos e a 10% após os 80 anos de vida.
Quando surgem sintomas sugestivos ou quando há suspeita desencadeada por outros testes diagnósticos, o especialista solicitará a realização de exames mais específicos para diagnosticar os aneurismas. “A tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear possuem grande valor para diagnosticar e quantificar os aneurismas de aorta, etapas essenciais para programar o tratamento”, informa Stauffer.
PREVENÇÃO – Por isso, realizar consultas anuais ao cardiologista é fundamental a partir dos 40 anos. “Evitar o tabagismo, manter a pressão arterial sob controle e fazer o check-up cardiológico é essencial para aqueles que possuem fatores de risco para o desenvolvimento de aneurismas. Cessar o cigarro traz benefícios tanto para evitar aparecimento de aneurismas quanto para dificultar o seu crescimento. Esta é a principal recomendação”, alerta o médico.
Exames como o doppler da aorta abdominal, realizado por meio de ultrassonografia, devem ser feitos todos os anos por indivíduos a partir de 65 anos que possuam fatores de risco para doenças cardiovasculares. Além disso, este mesmo estudo ultrassonográfico deve ser realizado em pacientes com histórico de aneurisma em familiares de primeiro grau.
Uma pessoa que teve ou tem aneurisma de aorta torácica ou abdominal tem maior predisposição de ter aneurisma em outras porções da aorta, assim como de desenvolver outras doenças em vasos do coração, cérebro e membros. “Ou seja, são pacientes de elevado risco cardiovascular para o desenvolvimento de infarto, angina e AVC”, ressalta o especialista.
TRATAMENTOS – O tratamento dos aneurismas de aorta pode ser medicamentoso, com acompanhamento seriado do tamanho do aneurisma (tanto diâmetro quanto velocidade de crescimento do aneurisma).
Nos casos em que o diâmetro da dilatação da artéria está muito elevado, uma intervenção cirúrgica ou endovascular é indicada. “Esta última abordagem é mais moderna, com menor risco de complicações operatórias. Por isso, é uma excelente opção de tratamento em pacientes de alto risco cirúrgico”, finaliza Fausto Stauffer.