Voltar
Compartilhe:
30 de January de 2018

Obesidade na infância aumenta risco de doenças cardiovasculares

Crianças obesas tendem a desenvolver precocemente doenças cardiometabólicas como dislipidemia — aumento do colesterol LDL (ruim) e dos triglicérides e diminuição do colesterol HDL (bom) —, diabetes mellitus, esteatose hepática (gordura no fígado) e hipertensão.

Segundo a médica endocrinologista no Hospital Santa Lúcia Sul, Patrícia Brunck, a condição antecipa acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias (aterosclerose) e pode contribuir para o aumento da mortalidade por causas cardiovasculares em idade mais precoce, principalmente se já há predisposição familiar.

“Além disso, o comprometimento orgânico pode incluir também doenças osteoarticulares como artroses e tendinites, provocar o aumento da incidência de litíase biliar, gastrites, refluxo gastroesofágico, doenças respiratórias e influenciar o aumento da mortalidade no geral”, destaca a especialista.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que pelo menos 41 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade são obesas ou estão acima do peso no mundo. No Brasil, a tendência também preocupa, com um terço das crianças nesta situação.

Os números são alarmantes porque, de acordo com Patrícia Brunck, além do risco cardiovascular, “a obesidade na criança faz com que, quando adulta, ela corra mais risco dedesenvolver determinados cânceres como os de mama, endométrio, intestino e próstata. Isso sem contar as possíveis dificuldades psicológicas e de interação social por conta de traumas causados pelo bullying e/ou discriminação na infância”, destaca.

QUANDO A CRIANÇA É OBESA? Segundo a OMS, o cálculo da obesidade em crianças deve cruzar informações sobre seu sexo, idade, peso e altura. Por isso, no lugar de números, são usados percentis com base em crianças da mesma idade:

– Percentil abaixo de 5%: baixo peso.

– Percentil entre 5-85%: peso desejado.

– Percentil entre 85-95%: sobrepeso.

– Percentil > 95%: obesidade

O médico pediatra ou endocrinologista pode fazer este cálculo e, se confirmada a obesidade e o risco de desenvolvimento de doenças, recomendar a adoção de medidas como a inserção de mais alimentos saudáveis e naturais, o estímulo à prática de atividades físicas esportivas ou de lazer e a limitação do tempo que a criança passa em frente à TV ou computador.

“A introdução cada vez mais precoce de alimentos industrializados na dieta e a exposição das crianças a propagandas que estimulam seu consumo; as mudanças nas brincadeiras, com consequente redução do gasto de energia; e a sujeição ao estresse, influenciando a relação da criança com a comida, são causas importantes para o aumento da obesidade infantil em todo o mundo. Por isso, combatê-las é essencial”, enfatiza a especialista.