Novembro Azul: com diagnóstico precoce, chance de cura do câncer de próstata chega a 90%
O diagnóstico precoce é uma das principais armas na luta contra o câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens brasileiros – atrás apenas do câncer de pele não melanoma – segundo o Instituto Nacional de Câncer. A instituição estima mais de 68 mil novos casos da doença no país este ano, com mais de 15 mil mortes.
Todavia, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com um acompanhamento médico regular a partir dos 45 anos para homens com casos na família ou outros fatores de risco, e a partir dos 50 para a população masculina em geral.
Para ajudar você a entender mais sobre a doença e a importância de diagnosticá-la precocemente para aumentar as chances de cura e reduzir a probabilidade de sequelas, conversamos com médico oncologista clínico do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, Dr. Fernando Sabino.
1 – O que é o câncer de próstata e quais os seus principais sintomas?
É um tumor maligno originado das células da próstata. Em fases iniciais, ele pode não ocasionar sintomas, mas sinais como dificuldade para urinar ou sangramento na urina devem ser valorizados. Em fases mais avançadas, pode provocar outros sintomas, como dor pélvica ou até em outras partes do corpo, fraqueza e emagrecimento.
2 – Quais os fatores de risco modificáveis e não modificáveis para o desenvolvimento do câncer de próstata?
Entre os fatores modificáveis, ou seja, aqueles que o indivíduo pode controlar, estão a má qualidade da alimentação, o sedentarismo, o sobrepeso ou a obesidade, o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Já entre os fatores que independem dos hábitos de vida estão o histórico familiar, especialmente em parentes de primeiro grau (pai ou irmão); a raça, já que homens negros têm risco maior de ter câncer de próstata, inclusive em formas mais agressivas; e o envelhecimento natural, já que seis em cada 10 homens com mais de 65 anos teriam a doença.
O histórico familiar é tão importante que um homem com parente de primeiro grau com histórico de câncer de próstata apresenta duas vezes mais chance de ter a doença do que a população em geral. Já os que possuem dois parentes de primeiro grau com histórico de câncer de próstata têm cinco vezes mais chances de desenvolver o tumor.
3 – O histórico de outros tipos de câncer também impacta? Como?
Sim. existem algumas mutações nos genes BRCA 1 e 2 que podem estar relacionadas a casos de câncer de mama e ovário e que podem aumentar o risco de desenvolver CA de próstata e uma doença mais agressiva
4 – Como é realizado o diagnóstico? Quais os exames, procedimentos e etapas a seguir?
A suspeita do diagnóstico é feita através da elevação de um exame sanguíneo chamado PSA ou pelo achado de alterações na próstata a partir do exame clínico chamado toque retal. O diagnóstico é confirmado por meio de um procedimento médico invasivo chamado biópsia prostática, realizada com o auxílio de uma ecografia (ultrassom) transretal ou de uma ressonância prostática.
5 – Que rotina médica de prevenção do câncer de próstata é necessária?
Para indivíduos sem fatores de risco, a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que homens entre 50 e 70 anos devem procurar um urologista para realizar o rastreamento com exame sangue (PSA) e toque retal. Já para os que têm casos de câncer de próstata na família ou outros fatores de risco, essa rotina deve ser iniciada antes, aos 45 anos.
6 – Que comportamentos é preciso adotar para contribuir com a prevenção da doença?
Procurar manter hábitos alimentares saudáveis, como evitar a ingestão de gorduras, o excesso de carne vermelha e açúcar e aumentar o consumo de verduras, frutas e alimentos naturais. Também é importante praticar atividade física regular, não fumar e não ingerir – ou evitar o consumo em excesso – bebidas alcoólicas. Além disso, consultar regularmente o urologista é essencial para monitorar o estado de saúde.
7 – Quando a doença é diagnosticada, quais os tratamentos possíveis? Quando é preciso tratar e quando é preciso manter o paciente em observação?
O tratamento depende da fase em que a doença é diagnosticada. Em fases iniciais e quando o tumor tem características de pouca agressividade, a observação do paciente pode ser uma opção viável e que tem sido cada vez mais adotada, mas também é possível optar pela cirurgia ou a radioterapia. Já em fases avançadas, a hormonioterapia e/ou quimioterapia são indicadas.
Hoje existem diversas opções de tratamento para as diferentes fases da doença. Apesar de todas as opções serem efetivas, elas não são isentas de efeitos adversos. Dessa maneira, cada caso deve ser discutido de forma multidisciplinar, com a participação do oncologista, urologista e radio-oncologista para que o tratamento seja individualizado e com mais efetividade do que as possíveis sequelas.
8 – Quais as chances de cura em estágios iniciais? E em estágios avançados?
Em estágios iniciais a chance de cura é altíssima, em alguns casos podendo chegar a 90%. Em estágios avançados a cura é possível, porém em probabilidade menor e geralmente com tratamentos mais complexos. No caso de estágio avançado com doença metastática, ou seja, com o tumor em outros órgãos, infelizmente a cura não é possível.
9 – Como o HSL está preparado ao atendimento de pacientes com câncer de próstata?
O Hospital Santa Lúcia conta com uma estrutura completa e atendimento de excelência em todas as fases, desde o diagnóstico ao tratamento. Para isso, temos uma equipe especializada de urologia para fazer a avaliação inicial e realizar a biópsia prostática quando ela é necessária.
Utilizamos equipamentos radiológicos modernos, como a ressonância magnética, para ajudar a definir qual tratamento realizar. Também dispomos de equipamentos de última geração para o tratamento da doença, como o Da Vinci Xi, sistema cirúrgico robótico considerado o mais moderno do segmento no mundo.
“Caso o paciente necessite de tratamentos sistêmicos, como a hormonioterapia e/ou quimioterapia, temos um Centro de Oncologia especializado e humanizado, com equipe multidisciplinar preparada para fazer todo o tratamento de forma segura, com muita atenção e carinho com o paciente”, finaliza.