Hepatite C é a hepatite viral mais grave e está entre as mais frequentes no Brasil
A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado e uma epidemia mundial – por exemplo, atinge cinco vezes mais pessoas que o HIV/Aids. Apesar de ser extremamente grave, já que pode causar cirrose, câncer de fígado e levar à morte, a doença ainda não tem vacina e sua principal forma de transmissão é o contato com sangue contaminado, inclusive por meio de relações sexuais desprotegidas.
Ela faz parte do grupo das três hepatites virais mais comuns no Brasil, junto com os tipos A e B. Segundo o painel informativo do Ministério da Saúde, 36.658 tratamentos contra a hepatite C foram realizados no Brasil em 2019. De 1 de janeiro a 31 de maio de 2020, este número chegou a 10.582. Ainda de acordo com o MS, a contaminação por outros tipos de hepatites virais é menos comum: enquanto o vírus da hepatite D está mais presente na Região Norte, o da hepatite E é o mais raro em todo o país.
“A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. A doença nem sempre apresenta sintomas, mas eles podem se manifestar na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras”, explica o médico infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior.
A falta de conhecimento sobre a hepatite é uma dos principais desafios no enfrentamento da doença. Por isso, a recomendação é que todas as pessoas façam testes de seus diversos tipos regularmente e procurem tratamento o mais rápido possível em caso de resultado positivo. No caso da hepatite C, a cura é possível em até 98% dos casos.
“As formas de prevenção variam de acordo com cada tipo de hepatite, mas é preciso tomar as vacinas que estiverem disponíveis, fazer uso de preservativos em todas as relações sexuais, manter bons hábitos de higiene e evitar o contato com sangue contaminado através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes”, detalha o especialista.
Mais sobre as hepatites virais
– Hepatite A: tem o maior número de casos e está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve e se cura sozinha. Existe vacina.
– Hepatite B: é o segundo tipo com maior incidência; atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção é a vacina associada ao uso do preservativo.
– Hepatite C: tem como principal forma de transmissão o contato com sangue contaminado. A infecção por este tipo é considerada a maior epidemia da humanidade hoje, provoca cirrose e câncer de fígado e é a principal causa de transplantes hepáticos. Não tem vacina.
– Hepatite D: causada pelo vírus da hepatite D (VHD), ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. Ou seja, a vacinação contra a hepatite B também protege de infecção por hepatite D.
– Hepatite E: causada pelo vírus da hepatite E (VHE) e transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões. A hepatite E não se torna crônica, porém mulheres grávidas que forem infectadas podem apresentar formas mais graves da doença.