Falta de vitamina D pode estar associada a maior risco diabetes, câncer e doenças cardiovasculares
Além dos já conhecidos benefícios da vitamina D para o metabolismo do cálcio no organismo, a ciência tem encontrado cada vez mais evidências de que pode haver relação entre a falta dela e o desenvolvimento de doenças como as cardiovasculares e neuromusculares, o diabetes, a esclerose múltipla, o câncer e os distúrbios psiquiátricos.
Estudos epidemiológicos mostram que a deficiência dessa vitamina poderia estar associada ao risco aumentado de infecções, problemas cardíacos e infecções, por exemplo. A razão para isso, segundo essas pesquisas, poderia estar atrelada à participação da vitamina D na fisiologia do sistema imunológico, influenciando a produção e maturação de suas células.
“Outros estudos também mostram a relação entre a deficiência de vitamina D e a prevalência de algumas doenças autoimunes, como o diabetes mellitus tipo 1, a esclerose múltipla, a artrite reumatoide, o lúpus eritematoso sistêmico e as doenças inflamatórias intestinais, e avaliam a possibilidade do seu uso nos tratamentos dessas enfermidades”, explica a médica dermatologista do Hospital Santa Lúcia, Natália Medeiros.
De acordo com ela, apesar de a deficiência de vitamina D no organismo estar associada a uma grande variedade de consequências à saúde, alguns sinais e sintomas de sua falta podem ser inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico.
“Para que o diagnóstico seja clínico e não laboratorial, o paciente deve apresentar os níveis de vitamina D muito reduzidos durante um longo período de tempo, o que se traduz em quadros como o raquitismo (em crianças) e a osteopenia ou osteoporose em adultos, em que o paciente tem um aumento do risco de ocorrência de fraturas. Além disso, o paciente apresenta maior incidência de infecções, fraqueza, irritação, agravamento de doenças crônicas e dores generalizadas (musculares e ósseas)”, detalha a especialista.
DE ONDE VEM A VITAMINA D – A vitamina D é obtida de três formas: a partir da exposição solar, da dieta e da suplementação. A exposição aos raios UVB é maior delas e corresponde a cerca de 80 a 90% da necessidade humana diária, enquanto menos de 10% dessa obtenção vem da dieta com alimentos como óleo de fígado de bacalhau, peixes gordurosos (salmão, atum, cavala), ovos e cogumelos.
A pele é capaz de produzir a vitamina D3 (colecalciferol) após a sua exposição ao sol, mas essa produção sofre influência de outros fatores, como idade, cor da pele, fatores hormonais, latitude (incidência da radiação solar naquele local), estação do ano, vestuário, poluição e condições meteorológicas.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda a exposição direta de áreas que geralmente estão cobertas, como pernas, costas, barriga ou ainda palmas e plantas das mãos e pés por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar vitamina D sem sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol, como rosto, colo e braços. Deve-se ainda evitar os horários de maior intensidade de radiação solar, entre 10 e 15 horas.
Para os pacientes que apresentam alguma deficiência de vitamina D verificada laboratorialmente, a recomendação é que seja avaliada a necessidade de reposição oral, sempre com o acompanhamento médico.
ATENÇÃO AO CÂNCER DE PELE – Apesar dos benefícios e da necessidade da vitamina D ao organismo, a exposição ao sol deve ser feita com muito cuidado para evitar a ocorrência de câncer de pele, o tumor maligno mais frequente da humanidade.
“Não exceda as recomendações dadas sobre horário e tempo de exposição solar, faça uso regular de protetor e evite o horário entre 10 e 15 horas. Se o seu trabalho o expõe ao sol de forma intensa, utilize equipamentos de proteção individual que diminuam essa incidência”, finaliza a médica Natália Medeiros.