Doença renal crônica também pode atingir crianças e adolescentes
Apesar de mais comum em adultos, a doença renal crônica (DRC) também pode atingir crianças e adolescentes. Entre as principais razões para seu desenvolvimento nesta fase da vida estão a má formação urológica, histórico familiar de rins policísticos ou outros problemas de origem genética, baixo peso ao nascimento, histórico de insuficiência renal aguda, inflamações nos rins (nefrites) e doenças urológicas de repetição, como infecções urinárias.
Os rins têm três funções básicas: eliminar do organismo as toxinas resultantes do metabolismo, como a ureia, por exemplo; manter o equilíbrio de água e eletrólitos do organismo, eliminando os excessos e, com isso, evitando edema (inchaço); e produzir hormônios que participam na formação das células vermelhas (sangue), de vitamina D – que atua no metabolismo do cálcio para fortalecer os ossos – e da renina, que ajuda a regular a pressão arterial.
“A doença renal crônica é a incapacidade dos rins de exercerem suas funções plenas. Como o processo se desenvolve de maneira lenta, gradual e quase sempre assintomática, diz-se que a doença é crônica”, explica o nefrologista do Hospital Santa Lúcia, Inda Filho. “A incidência de DRC na população infantil é menor do que na população adulta, mas tem alta morbidade e mortalidade”, alerta.
De acordo com ele, assim como acontece com as pessoas de mais idade, os sintomas da DRC em crianças e adolescentes incluem inchaços nos pés e pernas, anemia (palidez da pele), aumento da pressão arterial e presença de sangue ou proteína na urina. “O cansaço e o baixo desenvolvimento da estatura também devem ser sinais de alerta para os pais”, acrescenta o especialista.
DIAGNÓSTICO – A consulta a um nefrologista para avaliação deve ser feita tão logo as alterações citadas sejam percebidas. A realização de exames clínicos e laboratoriais, como os de urina e de dosagem da creatinina e ureia no sangue, é fundamental para a detecção o problema.
O diagnóstico preciso da DRC pode demandar ainda a coleta de urina de 24 horas para determinar a depuração da creatinina endógena, método que oferece ao profissional médico um retrato mais aprofundado do funcionamento dos rins. A ultrassonografia renal, outro exame simples, também ajuda a verificar o tamanho, formato ou outras alterações dos rins.
TRATAMENTO – Caso a doença seja confirmada, a criança ou adolescente devem ser acompanhados por um especialista e as consultas devem ocorrer anualmente. Quando as causas da DRC são congênitas, a cirurgia pode ser resolutiva. Do contrário, a detecção precoce é muito importante para retardar sua progressão.
“A criança deve fazer um acompanhamento multidisciplinar para minimizar o comprometimento da qualidade de vida e o acompanhamento psicológico é imprescindível para um melhor entendimento da doença e o convívio com ela”, recomenda Inda Filho.
PREVENÇÃO – A prevenção da doença renal crônica começa com hábitos de vida saudáveis desde o pré-natal, que incluem a prática regular de exercícios físicos, a manutenção do peso adequado, uma dieta rica em alimentos naturais e nutrientes, a ingestão de pelo menos dois litros de água por dia e visitas periódicas ao clínico geral para exames de rotina.
Nos adultos, o sobrepeso e a obesidade são fatores determinantes para o aparecimento do diabetes tipo 2 e da hipertensão arterial que, no Brasil, são as principais causas do desenvolvimento da DRC. A idade avançada e a hereditariedade também são fatores de risco para a doença.