Clima seco e frio é um dos vilões da boa respiração
Seca e tempo frio provocam problemas respiratório que podem ser evitados com algumas precauções
De maio até o início de outubro, quem mora na região Centro-Oeste precisa conviver com o tempo seco. Nesse período, é necessário enfrentar dias com umidade do ar que pode chegar 10%. Ao mesmo tempo, as noites ficam mais frias. Em 2002, 2004 e 2011 foram registrados índices de 10% ou menos de umidade do ar no Distrito Federal. Esse cenário favorece o aparecimento de várias doenças respiratórias.
A pneumologista Séfora Almeida explica que os quadros virais são mais frequentes durante esta época por vários fatores concomitantes. “O clima frio e seco que respiramos facilita o aparecimento de doenças respiratórias como asma, pneumonia, bronquite, rinite, gripes, sinusites, otites e faringites, dentre outras. Por causa do frio, as pessoas tendem a se aglomerar em ambientes fechados, o que facilita a transmissão dos vírus e bactérias”, diz a médica.
Outro fator proveniente da baixa umidade de ar, de acordo com a Dra. Séfora, é a dificuldade de dispersão dos poluentes. “Nesse período, por exemplo, é mais frequente a ocorrência de queimadas, intensificando a poluição atmosférica e saturando o ar com partículas que podem induzir a reações alérgicas nas vias respiratórias. Tal fato, associado a baixas temperaturas, pode gerar ou agravar um quadro inflamatório pulmonar”.
Nos indivíduos que possuem maior tendência à inflamação das vias aéreas e também alteração no movimento ciliar, como nos fumantes e nas pessoas com doenças associadas ao tabagismo (DPOC) e nos portadores de bronquiectasias (dilatação e deformidade brônquica), os sintomas são mais frequentes e geralmente mais graves. “Pacientes com outras doenças crônicas tais como diabete, doença cardiovascular, renal ou hematológica também são mais suscetíveis, porque o seu sistema imunológico tem menor capacidade no controle da inflamação e da infecção”, explica a Dra. Séfora. Outra classe bastante prejudicada são as crianças, por sua imaturidade no sistema imunológico.
Os riscos do cigarro
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é causada principalmente pelo tabagismo e se caracteriza pela obstrução persistente das vias respiratórias. Quem sofre da enfermidade — que inclui a bronquite crônica e a enfisema — produz muco além do normal por conta da inflamação dos brônquios. Essas pessoas apresentam espasmo brônquico, espessamento da parede do brônquio, com queixas como desconforto respiratório, tosse e chiado no peito. O comprometimento das estruturas respiratórias leva o paciente a ter dificuldade de eliminar o excesso de catarro dos pulmões. O acúmulo de secreção brônquica cria um meio propício à colonização de bactérias, levando o paciente à hospitalização.
Cerca de 30% das pessoas com obstrução grave morrem em um ano e 95%, em 10 anos. De 15% a 20% dos fumantes desenvolvem a DPOC, que está entre as principais causas de afastamento do trabalho no mundo. Os primeiros sintomas aparecem por volta dos 45 anos, com tosse leve e produção de expectoração de cor clara.
Como contornar o problema respiratório
Os pacientes portadores de doença crônica e o médico que os acompanham devem trabalhar em conjunto para alcançar o controle adequado da doença de base. É importante ficar atento para as queixas respiratórias e principalmente quando estas indicam piora ou persistência do quadro. Também se deve seguir o calendário de vacinas disponibilizadas pelo sistema de saúde, principalmente as doses contra influenza e pneumonia.
Vale destacar que a vacinação contra o vírus influenza é considerada pela OMS como a melhor estratégia preventiva em termos de custo e eficiência para a redução da ocorrência destas enfermidades, bem como as internações relacionadas a ela. A vacina oferece proteção apenas contra o vírus influenza, mas a imunização pode, sim, prevenir complicações como a pneumonia, otite e sinusite. “Os dados estatísticos comprovam que os efeitos indesejáveis da vacina, que por acaso ocorram, serão numa escala menor do que aqueles resultantes das infecções bacterianas ou virais”, enfatiza a pneumologista.
Medidas preventivas
– A hidratação é fundamental para a prevenção; por isso, beber bastante água é importante;
– Uso de soro fisiológico para hidratar as cavidades nasais;
– Umidificar o ambiente (através do uso de umidificadores, toalhas úmidas e bacias com água) também ajuda, mas os umidificadores devem ser utilizados por curtos períodos para que não haja proliferação de fungos e ácaros;
– Lavar casacos e cobertores que ficaram guardados muito tempo antes de utilizá-los;
– Vacinar contra o vírus da influenza (gripe);
– Limpar com frequência o ambiente;
– Higienizar as mãos constantemente, principalmente antes de consumir qualquer alimento e após tossir ou espirrar;
– Evitar aglomerações e ambientes fechados;
– Usar lenço descartável para higiene nasal;
– Evitar o cigarro, pois o fumo reduz os mecanismos de defesa do organismo;
– Limpar o filtro de aparelhos de ar-condicionado periodicamente.