Esôfago
O câncer de esôfago é um tipo de neoplasia maligna que apresenta número considerável de casos em todo o país. Atinge principalmente pessoas acima dos 50 anos de idade, com maior incidência em pacientes do sexo masculino, população na qual é o sexto tipo de câncer mais comum. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se uma ocorrência de 12.780 casos novos no ano de 2018. É considerado um tipo de agressivo e de difícil tratamento, o que explica a sua alta taxa de mortalidade.
Quais são os subtipos deste câncer?
Existem dois tipos principais de câncer de esôfago, com características bem distintas: o carcinoma espinocelular e o adenocarcinoma de esôfago — este apresentando, nas últimas décadas, uma tendência a um aumento proporcional de sua incidência.
Ambos os tipos possuem fatores de risco diferentes, assim como suas respostas às diversas modalidades de tratamento. Por exemplo, os principais fatores de risco para o carcinoma espinocelular são o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, enquanto o adenocarcinoma está associado principalmente à obesidade e à doença do refluxo gastroesofágico. Outra diferença é a localização mais provável destes subtipos: enquanto o carcinoma espinocelular tem uma maior probabilidade de surgir nas porções mais altas do esôfago (na região do pescoço e nas partes superior e média do tórax), o adenocarcinoma aparece quase que exclusivamente na porção final deste órgão, próximo à transição com o estômago.
Como é feito o seu diagnóstico?
Poucos desses tumores são diagnosticados ainda em fase inicial, em exames de endoscopia realizados por outros motivos. Em nosso país, a maioria dos casos são diagnosticados em estágio mais avançado, quando passam a apresentar sintomas. As principais queixas dos pacientes são a dificuldade progressiva em se alimentar (disfagia) e o emagrecimento não proposital. Alguns apresentam também dor torácica. Na presença destes sintomas, o médico geralmente solicita uma endoscopia digestiva alta. Este exame é capaz de visualizar todo o esôfago, além de permitir a biópsia de qualquer lesão suspeita.
Após a confirmação da presença do câncer de esôfago pela biópsia, é necessário realizar exames que indiquem qual é a real extensão da doença, processo conhecido como estadiamento. Geralmente são realizadas tomografias com contraste de pescoço, tórax e abdome com o objetivo de avaliar a extensão local da lesão e se o tumor já se disseminou para outro órgão (a chamada metástase). Outros exames que podem ser realizados são o ultrassom endoscópico e o PET-CT, um tipo de cintilografia que permite a identificação de lesões metastáticas a distância. Só após a realização de um estadiamento completo e uma avaliação das condições gerais do paciente é que podemos definir qual será a sequência do tratamento.
Quais são os principais tratamentos para a doença?
Até poucos anos atrás, todos os pacientes que apresentavam boas condições clínicas eram levados diretamente à cirurgia. Porém, observou-se que os resultados de cura da doença e melhora dos resultados de sobrevida não eram adequados. Assim, atualmente, grande parte dos pacientes com lesões mais avançadas são submetidos inicialmente ao tratamento neoadjuvante, ou seja, quimioterapia e/ ou radioterapia, antes da cirurgia. O objetivo desta abordagem é tentar diminuir o tamanho do tumor e exterminar qualquer célula maligna que já tenha ido para outros órgãos, facilitando a cirurgia. Com esta abordagem, houve melhora significativa dos resultados a longo prazo.
A cirurgia é um pilar importante no tratamento desta doença. Ela envolve a retirada de um segmento ou de quase todo o esôfago (a depender de onde se localiza o tumor), a esofagectomia. O órgão é, então, substituído pelo estômago ou por parte do intestino, permitindo que o paciente se alimente normalmente. Trata-se de uma operação complexa, que deve ser realizada por equipe experiente e em hospitais com recursos de alta tecnologia. A cirurgia pode ser realizada totalmente por videolaparoscopia e/ ou videotoracoscopia (realizada com um equipamento de vídeo através de pequenos furos) ou mesmo com a abordagem robótica, acrescentando precisão à dissecção do cirurgião. Estas abordagens permitiram a diminuição da dor pós-operatória, das complicações respiratórias e do tempo de internação dos pacientes.
Alguns pacientes não são bons candidatos à cirurgia, devido a condições ruins de saúde ou por características do tumor, e podem ser tratados com quimioterapia e radioterapia exclusivos. Esta decisão de qual tratamento escolher deve ser tomada por uma equipe multidisciplinar, composta principalmente por oncologista, radioterapeuta e cirurgião do aparelho digestivo.
O Hospital Santa Lúcia tem um excelente time de profissionais que realiza reuniões multidisciplinares para debater os casos, a fim de alcançar as melhores estratégias para cada paciente, buscando sempre um tratamento humanizado e individualizado. A instituição conta ainda com uma excelente equipe de Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia para melhor atender as pacientes com câncer de esôfago.