‘Talk show’ discute medicina em Brasília. Público fez fila no evento.
Eram cinco horas da tarde quando as filas se formaram no Brasília Shopping, mas o dia 13 de outubro não receberia visita de algum craque da Seleção e nenhum astro da música passou por Brasília. As pessoas esperavam por informação. Duas horas depois, seis especialistas mostraram que a espera valeu a pena. Quem abriu o bate-papo foi o oncologista e escritor Dr. Dráuzio Varella, alertando para a necessidade do cultivo de hábitos saudáveis para evitar doenças cardiovasculares, que estão cada vez mais comuns entre os brasileiros: “Uma a cada três pessoas neste evento sofrerá um infarto. Não é uma ameaça; é questão de estatística”, alertou, sob aplausos do público. Em seguida, o Dr. Marcelo Cantarelli, coordenador da campanha Coração Alerta, reforçou que a prevenção das doenças cardiovasculares pode ser eficaz, mesmo sem tratamentos ou medicação. “Um paciente obeso, com pressão alta e açúcar elevado no sangue pode sair da zona de risco das doenças cardiovasculares passando a praticar exercícios, se alimentando de forma saudável e perdendo peso.”
Em todo mundo, 17 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de infarto. Para reduzir a mortalidade, é fundamental que o atendimento seja rápido e organizado, de preferência por um médico cardiologista. O Dr. Fausto Stauffer, do Hospital Santa Helena, apresentou ao público o protocolo da Unidade de Dor Torácica necessário para aumentar o sucesso do tratamento: “Ao chegar ao hospital, é importante submeter o paciente ao eletrocardiograma em, no máximo, 10 minutos. Conforme o resultado, o paciente será encaminhado para setor de hemodinâmica ou para unidade de tratamento intensivo cardiológica.”
O exame indica qual o procedimento seguinte e, em geral, é acionada a equipe da hemodinâmica”. Elas têm a missão de recuperar o fluxo sanguíneo, desobstruindo veias e artérias afetadas. Em hospitais menos aparelhados, a intervenção é feita com o uso de medicamentos chamados trombolíticos. No Grupo Hospitalar Santa, o serviço de hemodinâmica está disponível 24h por dia para atendimento dos pacientes com infarto. Este tipo de procedimento é o mais indicado nas situações de infarto como explicou o Dr. Leonardo Beck, do Hospital Santa Helena. “Através do cateterismo cardíaco é possível ter uma noção mais exata do quadro como um todo e uma ação mais eficaz do que a medicação.”
Após a desobstrução, o paciente é levado para uma UTI cardiológica, onde continuará acompanhado pelo cardiologista e, se necessário, até ser submetido a uma cirurgia cardíaca; questão que despertou a curiosidade do público. O cirurgião Leonardo Esteves, do Hospital Santa Helena, respondeu as perguntas explicando qual o objetivo da intervenção cirúrgica: “Há casos em que não é possível resolver a crise com a angioplastia e é preciso fazer a reconstrução das artérias do coração. Hoje, temos técnicas menos invasivas e eficazes para reestabelecer o fluxo sanguíneo para o coração.”
Mas doenças cardiovasculares não se manifestam apenas através do infarto do coração. O AVC (Acidente Vascular Cerebral) ocorre na maioria dos casos pela falta de irrigação sanguínea para o cérebro, levando ao infarto cerebral. O Dr. Gustavo Paludetto, cirurgião endovascular do Hospital Santa Lúcia, destacou a adoção de hábitos saudáveis como a melhor forma prevenção: “Se no infarto é preciso socorrer o paciente em até 12 horas para aumentar a chance de sucesso, no AVC temos apenas metade desse tempo. O socorro rápido é o que salva boa parte dos pacientes. O ideal é manter as visitas ao especialista e check-ups em dia para reduzir riscos, em todas as idades”.
O grande número de perguntas e a presença do público fez com que o evento durasse mais do que o esperado. Dezenas de questionamentos não puderam ser respondidos. Em seu discurso de encerramento, o Dr. Dráuzio Varella agradeceu ao público, mas não esqueceu de reforçar: “Tenho mais de 70 anos e não tomo remédios. Apenas faço exercícios, sempre. Não tem desculpa. É preciso encontrar um tempo para cuidar de si mesmo”.