Sintomas neurológicos de meningite também podem ocorrer em casos de Covid-19
Dores de cabeça intensas e alterações musculoesqueléticas e do nível de consciência, sintomas presentes em casos de meningite, também podem ser apresentados por pacientes infectados pelo coronavírus. É o que afirmam estudos recentes realizados na China.
Segundo a médica infectologista do Hospital Santa Lúcia, Marli Sartori, há relatos de casos de pacientes com o novo coronavírus que apresentaram sinais de problemas causados diretamente pela invasão viral no sistema neurológico sem, contudo, desenvolver outros sintomas da Covid-19, como febre, tosse e falta de ar.
“A Covid-19 também pode causar sintomas neurológicos e há relatos descrevendo pacientes que procuraram atendimento médico com sinais de acidente vascular cerebral e outras alterações importantes e que poderiam inicialmente estar associadas às meningites, mas que, na verdade, eram provocadas pelo novo coronavírus”, afirma.
MENINGITE – A meningite é o processo inflamatório das meninges (membranas que recobrem e protegem o cérebro e a medula espinhal). Geralmente causada por agentes infecciosos como bactérias, vírus e fungos, ela também pode ser provocada por outros fatores, como medicamentos e tumores, por exemplo.
Apesar de atingir pessoas de qualquer idade, a maioria dos casos de meningite ocorre em crianças de até 5 anos, podendo levar inclusive a óbito. “A doença meningocócica é de grande relevância para a saúde pública pela sua magnitude, gravidade e potencial para causar epidemias”, destaca Marli Sartori.
De acordo com ela, enquanto as meningites virais são mais frequentes, as bacterianas são as mais graves e, quando não tratadas adequadamente, podem levar o paciente a óbito em 70% das ocorrências.
SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – As características clínicas mais comuns da meningite incluem dor de cabeça intensa, febre superior a 38 °C, rigidez do pescoço, alteração do nível de consciência e náusea. Outros sintomas, como convulsões, paralisias motoras e manchas na pele, também podem ocorrer.
O diagnóstico é inicialmente feito pelo exame clínico no primeiro atendimento médico. Em alguns casos, ele pode ser seguido de tomografia de crânio e de punção lombar para investigação do líquido cefalorraquidiano (fluido cerebroespinhal). “Para os casos de meningite bacteriana, é primordial um diagnóstico rápido, e o início do tratamento com antibióticos endovenosos o mais precoce possível”, destaca a especialista.
PREVENÇÃO – A forma mais eficaz de prevenção da meningite, especialmente a bacteriana, é a vacinação. As vacinas contra as suas principais causas integram o calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização e estão disponíveis na rede pública.
Nos casos de pacientes que tiveram contato com pessoas doentes, a recomendação é a quimioprofilaxia com antibióticos. “Essa medida deve ser adotada o mais precocemente possível para prevenir a ocorrência de casos secundários que, apesar de raros, costumam aparecer em um prazo de até 48 horas”, finaliza a médica infectologista.