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22 de February de 2015

Risco de AVC e infarto é maior em mulheres na menopausa

As mulheres a partir dos 50 anos, em média, estão mais propensas a desenvolver acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio. Isso acontece porque, ao entrar na menopausa, o organismo da mulher deixa de produzir o estrogênio, hormônio feminino que tem papel protetor contra a formação e acúmulo de placas que obstruem os vasos sanguíneos, doença conhecida como aterosclerose.

 

 

O estrogênio produz efeitos que reduzem o surgimento dessas placas, ajudam a diminuir o colesterol ruim (LDL-c) e a elevar o colesterol bom (HDL-c). “A mulher na menopausa apresenta duas vezes mais chances de ter problemas cardiovasculares se comparada à mulher em idade fértil. Isso significa que o risco passa a ser igual ao de um homem”, explica o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.

 

Um estudo, realizado por pesquisadores norte-americanos com mulheres participantes do Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA), comparou pacientes do sexo feminino da mesma idade que produzem estrogênio normalmente com outras submetidas à retirada dos ovários, entrando precocemente na menopausa. No grupo das mulheres que passaram pela cirurgia, o risco de doenças cardiovasculares foi duas vezes maior que no grupo com produção normal do hormônio.

 

Mas, ao contrário do que se possa imaginar, a terapia de reposição hormonal (TRH) não é um método preventivo contra doenças cardiovasculares em mulheres na menopausa. “A TRH já foi inclusive relacionada ao aumento do risco dessas doenças. No entanto, os estudos ainda são controversos. A recomendação é que não devemos indicar a reposição hormonal como método de prevenção cardiovascular”, pondera o cardiologista.

 

OUTROS FATORES DE RISCO – Outras doenças, como a hipertensão, o diabetes e a obesidade, além de altos índices de colesterol e triglicérides também contribuem para o aumento do risco não apenas nessa fase, mas também entre as mulheres em idade fértil. Contudo, é importante perceber que todos eles são modificáveis e dependem, sobretudo, do esforço individual de cada paciente.

 

O resultado de uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras, carboidratos, sal e alimentos processados, o uso de álcool, tabaco e de outras drogas, as situações recorrentes de estresse e o sedentarismo são males que aumentam a possibilidade de um AVC ou infarto no futuro.

 

Existem, ainda, fatores de risco não são controlados pela paciente, a exemplo do histórico familiar de doenças cardiovasculares. Nestes casos, a atenção aos sintomas e a realização de consultas anuais ao cardiologista deve ser ainda maior.

 

PREVENÇÃO E EXAMES – “Para todas as pessoas, devemos estimular sempre a prática de exercício físico, a interrupção do tabagismo, o controle de peso e alimentação saudável. Mas se há fatores de risco evidentes, é preciso ainda realizar consultas periódicas ao cardiologista. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte de mulheres na menopausa. Por isso, elas devem fazer o check-up cardiológico anualmente”, recomenda Fausto Stauffer.

 

 

Em geral, para mulheres que não apresentam fatores de risco, a recomendação é de que a primeira consulta cardiológica aconteça aos 40 anos. Contudo, se houver fatores de risco ou algum sintoma, ou ainda se a mulher decidir iniciar a prática de atividades físicas regulares, é importante antecipar essa avaliação. Entre os principais exames estão a análise da história clínica da paciente, além de exame físico detalhado e eletrocardiograma.