Prevenção: não permita que doenças infecciosas atrapalhem suas férias
Viajar com a família para as tão sonhadas férias exige alguns cuidados. Neste período de altas temperaturas e grande circulação de pessoas, especialmente para o litoral, fica mais fácil contrair doenças como diarreias infecciosas, conjuntivites bacterianas, hepatite A (infecção transmitida pela água) e micoses — p. ex., tinha interdigital (pé de atleta) e pitiríase versicolor (pano branco).
“Serviços como restaurantes ficam saturados, o que traz como consequência menor rigor no preparo das refeições, aumento na probabilidade de exposição a agentes infecciosos veiculados pela água e alimentos, além de um relaxamento nos hábitos de higiene”, explica o gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia, Cícero Dantas.
Dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que os casos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) aumentaram 28,6% entre 2013 e 2014. De janeiro a novembro de 2013, foram registrados 12,9 mil casos de DTA, enquanto no mesmo período de 2014 o número chegou a 16,6 mil. As DTA são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas, mas também podem ser provocadas por produtos químicos venenosos e outras substâncias nocivas. Os sintomas mais comuns são a falta de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e febre.
As crianças, sobretudo as menores, demandam ainda mais cuidados. “Elas estão querendo conhecer o mundo e parte da identificação faz-se via oral, já que levam tudo para a boca. Além disso, elas têm uma pele altamente sensível, o que as predispõem à insolação. Isso, junto com longos períodos dentro da água, faz com que desenvolvam facilmente otites externas (infecção no canal auditivo externo, que vai do tímpano para o exterior da cabeça)”, contextualiza o especialista.
Na avaliação do Dr. Cícero, é preciso manter os cuidados no preparo das refeições, evitar o consumo de comidas de rua fora dos padrões de higiene e ingerir muita água, frutas e sucos naturais. “Já em relação à pele, é necessário ficar atento à sinalização sobre praias próprias para o banho, usar protetores solares com fator de proteção acima de 30 e repetir sua aplicação a cada duas horas, secar bem a região entre os dedos, além dos ouvidos, evitando o uso de cotonetes”, detalha.
Se a prevenção é fundamental, o tratamento adequado também faz toda a diferença e, por isso, é preciso procurar atendimento especializado. Ainda que a maioria das ocorrências seja de doenças benignas e autolimitadas, em algumas circunstâncias podem acontecer casos mais graves, a exemplo da febre tifoide, doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria Salmonella typhicom, que pode trazer sérias consequências.
Dr. Cícero explica ainda que, ao procurar um serviço de saúde, o paciente ajuda na produção de informações sobre as doenças que estão ocorrendo naquele local e momento. Esses dados alimentam os sistemas de vigilância epidemiológica e permitem o desenvolvimento de ações de enfrentamento a essas doenças. “Por exemplo, um surto de hepatite A pode ser identificado e, com isso, pode-se descobrir que um sistema de esgoto está avariado”, informa o gastroenterologista. No período de 1999 a 2011, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, 138.305 casos confirmados de hepatite A no Brasil, sendo a maior parte deles registrados nas regiões Nordeste (31,2%) e Norte (23,3%).