O que você precisa saber para manter os seus rins saudáveis
Os rins são os órgãos responsáveis pela eliminação de toxinas por um sistema de filtração, regulação da formação do sangue e dos ossos, controle da pressão sanguínea, além do equilíbrio do delicado balanço químico e de líquidos do corpo.
Eles possuem grande reserva fisiológica, o que significa que é possível desenvolver problemas ou doenças renais sem perceber até que evoluam para um estágio avançado.
Para falar sobre os cuidados com a saúde renal, convidamos o médico nefrologista do Hospital Santa Lúcia, Mendell Lemos.
1 – Quais os principais sinais e sintomas de que pode haver algum problema com o funcionamento dos rins?
Os principais sintomas de mau funcionamento renal são alterações da cor e aspecto da urina (cheiro, presença de sangue, espuma na urina), aparecimento de edemas no corpo, fadiga, cansaço, anemia, cheiro de urina na boca (hálito urêmico), fadiga e intolerância ao exercício. No caso de problemas renais relacionados a cálculos e infecções, sintomas como dor e febre estão presentes.
2 – O que fazer quando um ou mais desses sintomas se manifestar?
Como os sintomas de insuficiência renal são inespecíficos, o ideal, no caso da presença de fatores de risco para o desenvolvimento dessa enfermidade (tais como diabetes, hipertensão, necessidade de uso de medicações nefrotóxicas e presença familiar de doenças renais), bem como de algum dos sintomas já citados, é que um nefrologista seja consultado. Ele solicitará os exames adequados para o diagnóstico e traçará as condutas para evitar a progressão dos problemas renais.
3 – Qual a importância dos rins para o organismo? Quais papéis eles desempenham na saúde?
Os rins são órgãos vitais para o equilíbrio do organismo, responsáveis por limpar o sangue dos resíduos do metabolismo das proteínas. Além dessa função primária, são responsáveis também pelo equilíbrio da concentração no sangue dos diversos íons presentes no organismo (como sódio, potássio, magnésio, bicarbonato, cálcio, fósforo) e controle da pressão arterial, da produção de hemácias pela medula óssea, do metabolismo e absorção do cálcio e da quantidade de água no organismo.
4 – Quais os principais cuidados com a saúde dos rins na rotina?
Para manter uma boa função renal, é preciso ter uma dieta equilibrada, evitar excessos de sal, sobrecargas de proteínas, sobrepeso e obesidade, manter um bom controle dos níveis de glicemia e a pressão arterial controlada, não fazer uso de medicações que são tóxicas aos rins (como anti-inflamatórios), ingerir água em quantidades adequadas (2 a 3L ao dia) e avaliar periodicamente os exames que denunciam alterações renais, como a creatinina e o exame de urina.
5 – Quais as três principais doenças renais – as mais comuns – e seus respectivos fatores de risco?
No mundo todo, as doenças mais comuns que levam à perda de função renal são as nefropatias hipertensiva e diabética. As doenças primárias do rim (as chamadas glomerulonefrites) são menos comuns porém, dentre essas, na população adulta, a mais frequente é a nefropatia por IgA.
Cálculos, quando se formam repetidas vezes, podem representar problemas do metabolismo renal, inclusive culminando em perda da função do órgão.
6 – Como se dá o diagnóstico dessas doenças citadas?
A insuficiência renal é diagnosticada com base em alterações do exame denominado creatinina sérica – visto no sangue. Mas outros exames podem ser necessários. A creatinina só se altera depois que a função renal já está em declínio. Antes disso, outros exames já dão sinais de alteração renal, tais como o exame sumário de urina, a microalbuminúria e a proteinúria. No caso de glomerulopatias primárias, a biópsia renal pode ser necessária para o diagnóstico preciso e planejamento dos tratamentos. Além disso, exames de imagem, como a ecografia e a tomografia, também são úteis no diagnóstico e estadiamento. No caso específico dos cálculos renais, é importante avaliar a composição urinária e os exames de imagem ganham especial importância neste contexto.
7 – E os tratamentos?
O tratamento das doenças renais está diretamente ligado à causa dessas doenças. No caso de nefropatia hipertensiva e diabética, o tratamento consiste em controlar as doenças de base – ou seja, manter os níveis de glicose e a pressão arterial controladas. No caso de glomerulopatias primárias, o tratamento depende do seu tipo e geralmente é feito com imunossupressores. No caso de nefrolitíase, a terapêutica depende da causa da formação de cálculos.
Em todos os casos, reeducação alimentar e atividade física regular são importantes ferramentas para o tratamento das enfermidades renais. Então o papel de demais profissionais de saúde, como nutricionistas e educadores físicos, é fundamental no acompanhamento dos pacientes.
Nos casos em que a função renal atinge níveis criticamente baixos, é indicado o tratamento de substituição renal, feito através da hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.
8 – Que tipo de acompanhamento médico é preciso adotar para monitorar a saúde renal? A partir de que idade? Com que frequência?
O acompanhamento com o nefrologista é o indicado para monitorar a função renal. Os principais exames para avaliação são a creatinina sérica e o exame sumário de urina. Os idosos são mais susceptíveis a doenças renais e, por isso, devem ter pelo menos uma consulta por ano com o profissional. No caso de pacientes portadores de alguns dos fatores de risco anteriormente mencionados, o intervalo das consultas pode ser menor.
9 – Como o Santa Lúcia está preparado para diagnosticar e tratar problemas renais?
O Grupo Santa possui, em todas as suas unidades, um time de médicos nefrologistas e enfermeiros altamente capacitados para diagnosticar e tratar as mais diversas formas de doenças renais agudas e crônicas. Os exames necessários ao diagnóstico das mais complexas enfermidades renais estão prontamente disponíveis e todos os hospitais possuem os mais modernos equipamentos do mercado para terapia renal de substituição, tais como diálise peritoneal, hemodiálise e hemodiafiltração contínua.