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30 de April de 2018

O que podemos aprender com a dieta mediterrânea?

Preferir alimentos naturais e comida de verdade à comida industrializada. Todo mundo que se interessa por cuidar bem de sua saúde já leu ou ouviu esses conselhos de um familiar, um amigo ou um médico. Com tantas formas de alimentação disponíveis por aí, resolvemos investigar melhor o poder da dieta mediterrânea, tão difundida como exemplo de nutrição saudável e sucesso de público não apenas no Brasil, mas em diversas partes do mundo. Mas, afinal, o que ela tem
de tão especial?

Segundo o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer, a resposta está justamente na ênfase que essa dieta dá ao consumo de alimentos como vegetais, frutas e grãos integrais, assim como à ingestão de gorduras consideradas de boa qualidade, como as provenientes dos peixes, do azeite de oliva e das oleaginosas (grupo das amêndoas, pistaches e nozes). Somada a outras ações — como o controle do estresse, o sono de boa qualidade e o convívio com a família e a comunidade — e à prática de atividades físicas, ela pode fazer a diferença. “Vários estudos observacionais mostraram que esse tipo de dieta, quando comparada à dieta ocidental padrão, repleta de alimentos industrializados, oferece proteção contra algumas doenças, principalmente as cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (IAM), o acidente vascular cerebral (AVC) e a hipertensão arterial. Isso acontece porque a má alimentação provoca sobrepeso, obesidade e diabetes que, por sua vez, levam o indivíduo a desenvolver problemas cardiovasculares, os responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil”, afirma o especialista.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o infarto agudo do miocárdio e o AVC respondem por aproximadamente 60% das mortes por doenças cardiovasculares no país. “São problemas graves que se originam de uma inflamação nas artérias do coração e do cérebro, respectivamente, e que, na maioria das vezes, começam de forma assintomática e se instalam de forma progressiva no organismo. Além de óbito, essas doenças podem provocar o adoecimento e a redução da qualidade de vida de seus portadores”, pondera o médico.

CUIDADO COM O VINHO

Na dieta mediterrânea, o consumo diário de vinho é considerado saudável. Se o indivíduo conseguir ingerir uma quantidade pequena da bebida — até 1/3 do volume máximo de uma taça — é possível que haja benefícios, já que a bebida pode contribuir para a redução dos níveis de gordura, colesterol e da pressão sanguínea e para a aceleração do metabolismo.

Entretanto, como nem todos os pacientes conseguem se ater a uma pequena quantidade e acabam exagerando, na opinião do cardiologista, a bebida não deve ser mencionada em nenhuma dieta saudável. “Bebida alcoólica em excesso, mesmo sendo o vinho, é extremamente deletéria à saúde do indivíduo. Com a vida estressante que a maioria das pessoas leva, a possibilidade de exagero no consumo é grande”, alerta.

O QUE FAZER?

PARA COMEÇAR

Inicie fazendo mudanças básicas e fundamentais:
• Evite lanches e comidas processadas.
• Faça refeições tradicionais, à base de vegetais, carnes, peixes, gorduras de boa qualidade e frutas.
• Beba água, ao invés de sucos e refrigerantes.
• Evite consumir bebidas alcoólicas.

SIGA ADIANTE

Depois de implementar as primeiras trocas, dê novos passos:
• Alimente-se de peixes gordurosos e frescos ricos em ômega 3, como atum, salmão e sardinha.
• Insira oleaginosas, como castanhas, amêndoas, pistaches e nozes, em sua rotina.

COMO SURGIU A DIETA MEDITERRÂNEA?

O conceito de dieta mediterrânea foi desenvolvido na década de 1950 pelo fisiologista norte-americano Ancel Keys e sua equipe. Com o Estudo dos Sete Países, onde analisou 12.763 homens de meia idade selecionados em áreas rurais dos Estados Unidos, Japão, Itália, Grécia, Holanda, Finlândia e antiga Iugoslávia, eles avaliaram os hábitos alimentares e o modo de vida desses habitantes e sua influência na prevenção ou potencialização das doenças cardiovasculares. Como resultado, apontaram que a baixa incidência dessas doenças e a alta expectativa de vida dos habitantes de Creta — a maior e mais populosa ilha grega — estava ligada ao consumo de alimentos frescos e naturais dentro de uma dieta rica em gorduras monoinsaturadas e pobre em gorduras saturadas, com grande consumo de pescados, frutas e vegetais, cereais integrais e legumes e ingestão moderada de vinho, além de outros fatores importantes, como a prática de atividades ao ar livre e o contato com a natureza.

Texto publicado originalmente na 2ª edição da Revista Santa Saúde. Para conferir todas a matérias da revista, clique aqui.