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13 de November de 2015

Novos exames aumentam a precisão do diagnóstico e podem ajudar no tratamento do câncer de próstata

Cientistas brasileiros encontraram novos marcadores para o diagnóstico do câncer de próstata. A descoberta é animadora porque permite não apenas o diagnóstico da doença, mas também identificar com maior precisão o seu estágio, facilitando a escolha da terapêutica que será instituída.
O estudo foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e, de forma inédita, conseguiu detalhar alguns dos mais importantes mecanismos utilizados pelas células tumorais durante o desenvolvimento do câncer de próstata — o segundo mais comum entre homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma).

Atualmente, além do exame de toque retal, o rastreamento do câncer de próstata é feito pela avaliação dos níveis no organismo do antígeno prostático específico (PSA), enzima produzida pela próstata e detectada em exame de sangue. Apesar de extremamente útil no diagnóstico e monitorização da doença, o marcador é considerado inespecífico porque pode indicar outras alterações no órgão diferentes do câncer, confirmado apenas com realização de uma biópsia — retirada de fragmentos da próstata para análise em laboratório.

“A diferença agora é que as novas moléculas descobertas pelos cientistas — PCA3 e o PRUNE2 — estão envolvidas na gênese do câncer de próstata e podem atuar como marcadores mais específicos para diagnósticos, além de atuar como possíveis alvos terapêuticos no futuro”, explica o oncologista do Hospital Santa Lúcia, Eduardo Vissotto.
O PCA3 é um marcador específico de câncer de próstata que acaba de ser aprovado pela US Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano que controla a administração de medicamentos. A expectativa é que, em breve, ele substitua o PSA. Ao interagir com o gene PRUNE2 e proteínas presentes no tumor, o PCA3 torna possível identificar seu grau de agressividade e ajuda a definir com precisão o melhor tratamento: cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia.

ESTÁGIOS E DIAGNÓSTICO — O câncer de próstata pode se apresentar em quatro estágios. Na fase 1, os tumores são pequenos e, geralmente, crescem lentamente, muitas vezes sem causar quaisquer sintomas. No estágio 2, eles são um pouco maiores e mais propensos a se disseminar para além da próstata, provocando sintomas. Quando no estágio 3, a doença é considerada localmente avançada, mas não atingiu outros órgãos como a bexiga ou o reto, nem se espalhou para os linfonodos ou órgãos distantes. A fase 4 é metastática, ou seja, já se disseminou para outras áreas e tende a necessitar de tratamentos sistêmicos, que atuam no corpo inteiro.
“Atualmente, a maioria dos diagnósticos são feitos em estágios iniciais da doença e isso se deve ao programa de rastreamento precoce. Homens acima de 50 anos podem fazer exames anuais de toque retal e de sangue para monitorar os índices de PSA após discussão de riscos e benefícios com o médico urologista. Já os pacientes com maior chance de desenvolver câncer de próstata, como os que apresentam casos da doença na família, devem antecipar o rastreamento e fazê-lo a partir dos 40 ou 45 anos, em média”, orienta Eduardo Vissotto.

TRATAMENTO — A cirurgia, que envolve a retirada total da próstata, é um dos tratamentos possíveis e está habitualmente indicada apenas para doenças localizadas na próstata, com intuito curativo. Outros tratamentos incluem a radioterapia, radiação calculada para atuar diretamente na área do tumor; a hormonioterapia, que utiliza medicações para bloquear o estímulo hormonal nas células do câncer; e a quimioterapia, cujas medicações atuam diretamente no DNA das células malignas para impedir sua multiplicação.
“A duração do tratamento depende de muitos fatores, principalmente do quão avançado é o tumor, idade e outros problemas de saúde do paciente, além dos efeitos colaterais e complicações que podem surgir. A colaboração do paciente, com mudanças em seu estilo de vida para estimular o sucesso do tratamento, adotando uma alimentação balanceada e praticando exercícios físicos, também influencia no tratamento, que pode durar 6 meses e/ou seguir por tempo indeterminado”, finaliza o oncologista.