Novas tecnologias permitem remoção do útero com cirurgia minimamente invasiva
A retirada do útero, ou histerectomia, é uma das cirurgias ginecológicas mais comuns atualmente. Nos últimos anos, essa intervenção tem sido aprimorada com a utilização de procedimentos minimamente invasivos, como a laparoscopia. No Brasil, cerca de 25% das mulheres que são submetidas à histerectomia já se beneficiam dessa técnica, que permite acesso ao útero por meio de pequenas incisões na pele e traz grandes vantagens para a paciente em relação à tradicional, com corte no abdome. “A cirurgia minimamente invasiva diminui o risco de sangramento durante o procedimento e de infecção hospitalar, reduz o tempo de internação e a necessidade de medicamentos para dor, além de ter um efeito estético melhor e de permitir o retorno da mulher às atividades normais em até 20 dias, menos da metade do tempo de recuperação da cirurgia aberta”, enumera o especialista em endoscopia ginecológica do Hospital Santa Lúcia, Frederico Corrêa.
A decisão sobre o melhor tipo de procedimento, orienta o especialista, deve ser tomada junto com o médico e depende de fatores como o volume do útero e a indicação cirúrgica – se a doença é benigna ou maligna, entre outros. “Em geral, laparoscopia tem se mostrado vantajosa principalmente nos casos de câncer de endométrio e de colo de útero, mas ainda há poucos médicos treinados no Brasil”, afirma. A escolha do melhor cirurgião e de uma unidade hospitalar com recursos adequados também é importante para garantir a qualidade do procedimento e reduzir os riscos da histerectomia.
O centro cirúrgico do Hospital Santa Lúcia conta com uma sala inteligente, espaço que alia tecnologia a técnicas minimamente invasivas, onde podem ser realizados todos os tipos de procedimentos que se enquadrem nas indicações cirúrgicas minimamente invasivas. Além de realizar a histerectomia laparoscópica, o Hospital foi um dos primeiros no país a realizar o procedimento utilizando uma técnica denominada single port. Nela, o cirurgião faz uma única incisão de 2,5 cm no umbigo da paciente para a introdução do equipamento e manipulação da região, e a remoção do útero é feita pela vagina. “A recuperação da paciente foi excelente”, conta Frederico Corrêa.
Na cirurgia tradicional de retirada do útero, por via aberta, o médico precisa fazer uma incisão cuja dimensão permita um acesso direto, tanto visual como tátil, à região operada. “Ela é indicada, por exemplo, quando a paciente tem um útero muito grande, ou em casos de câncer de ovário em estágio mais avançado”, exemplifica o médico. Em geral, a cirurgia aberta exige uma técnica mais simples, porém tem como uma das desvantagens a exposição da cavidade corporal, o que pode aumentar o risco de infecções e de desequilíbrios eletrolíticos, enfraquecendo a resposta imunitária da paciente, além de ter um pós-operatório mais longo e doloroso.
Na histerectomia laparoscópica, o acesso à região operada é feito com pequenas incisões na pele, de até um centímetro. Através delas são introduzidos instrumentos cirúrgicos específicos e um videoendoscópio, que transmite as imagens da região para monitores presentes na sala operatória. Estas imagens, que têm alta resolução e podem ser ampliadas em até dez vezes, guiam as ações do cirurgião durante o procedimento. “A visibilidade que a câmera dá é muito melhor do que a observação a olho nu no momento da cirurgia, especialmente em segmentos com acesso mais difícil, o que melhora a precisão cirúrgica”, avalia Frederico Corrêa.
Outra técnica minimamente invasiva cuja utilização tem crescido no Brasil é a retirada do útero por via vaginal. “Embora não seja uma inovação, essa técnica esteve em desuso por um longo período, mas agora voltou a ser empregada por muitos médicos, por permitir a histerectomia sem incisão abdominal, com todas as vantagens que isso pode trazer na recuperação da paciente”, destaca.
Ele conta ainda que, nos Estados Unidos, a utilização da robótica é uma novidade que também tem trazido bons resultados em cirurgias minimamente invasivas para remoção de útero, especialmente em casos mais complexos, em que a histerectomia precisa ser radical, envolvendo a retirada de linfonodos e de parte da vagina. No Brasil, ele diz, essa tecnologia ainda não é utilizada em virtude do alto custo, porém deverá ser incorporada futuramente.