Endometriose atinge cerca de 6 milhões de brasileiras
Problema sério e pouco conhecido pela população, a endometriose gera dor durante o período menstrual. Ocorre quando o endométrio — tecido que reveste a parte interna do útero — se desenvolve fora do órgão, na cavidade abdominal, podendo atingir ovários, trompas e intestino. Cerca de seis milhões de brasileiras entre 18 e 45 anos tem a doença que, em muitos casos, não chega a ser investigada por falta de capacitação dos profissionais de saúde acerca dos sintomas. Para o ginecologista do Santa Lúcia, Frederico Corrêa, a investigação precoce não é realizada, principalmente, por causa do desconhecimento dos especialistas. “Infelizmente, a falta de informação atrasa o diagnóstico, que costuma acontecer por volta dos 30 anos. No entanto, entre 40–50% das adolescentes que têm cólicas intensas podem estar convivendo com a endometriose”, relata. Os principais sintomas são cólica menstrual, dor na relação sexual, distensão abdominal e alteração intestinal e urinária no período menstrual.
A consulta com o ginecologista é fundamental para o início do diagnóstico. Através de exames físico e de imagem — ultrassonografia especializada e ressonância nuclear magnética — é possível avaliar qual a localização e extensão das lesões e a melhor conduta terapêutica. “As pacientes devem ter um acompanhamento com equipe multidisciplinar coordenada por um médico ginecologista especializado no tratamento desta doença”, explica Corrêa. As lesões são tratadas através de cirurgia videolaparoscópica, indicada sempre a partir de avaliação de cada caso. O tratamento clínico com remédios auxilia na diminuição dos sintomas.
As causas da endometriose são desconhecidas, assim como a cura. O convívio com a doença envolve vários aspectos: físicos, sociais, psicológicos, sexuais e conjugais. Outro prejuízo é a infertilidade, pois a doença interfere na qualidade dos óvulos, na qualidade dos embriões e sua implantação na cavidade uterina. Cerca de 50–70% das mulheres com endometriose podem apresentar dificuldades para engravidar.
Apesar de ser uma condição clínica que mereça atenção especial, especialistas descartam a possibilidade de ser considerada um pré-câncer. Para a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), o risco é mínimo, entre 0,5% e 1%, na evolução da doença.
Entenda a doença
A endometriose é uma doença caracterizada pela presença do endométrio — tecido que reveste o interior do útero e onde o embrião se fixa para fecundar — em outros órgãos, como ovários, intestino, trompas e bexiga. Embora sua causa ainda seja desconhecida, os médicos alertam que o risco é aumentado quando mãe ou irmã apresentam a patologia. Além disso, a endometriose pode aparecer desde a primeira menstruação até a última, quando geralmente a doença regride espontaneamente.