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09 de April de 2020

A Covid-19 é mesmo mais grave em pacientes cardiovasculares?

O alerta em relação aos cuidados para conter a disseminação do coronavírus permanece intenso e, para os pacientes que integram o grupo de risco, como idosos e indivíduos com problemas cardiovasculares e outras comorbidades, ele é maior ainda.

Por isso, conversamos com o cardiologista do Hospital Santa Lúcia Frederico Abreu sobre a relação entre as doenças cardiovasculares e a gravidade da infecção pelo coronavírus. Leia a seguir, fique bem informado e compartilhe conhecimento.

1 – Que relação já foi cientificamente apontada entre problemas cardiovasculares e maior risco de letalidade por conta da Covid-19?

Um grande estudo publicado pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, com dados de 44.672 casos confirmados de Covid-19, relatou mortalidade de 2,3% pela doença. As comorbidades mais frequentes nos pacientes que evoluíram a óbito foram hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença cardiovascular e idade acima de 70 anos.

2 – Que doenças preocupam mais? Por quê?

Outro estudo, publicado pelo periódico The Lancet, mostrou que, dentre todos os pacientes em dois hospitais de Wuhan, na China, 91 (48%) tinham alguma comorbidade, sendo as mais comuns: hipertensão arterial (58 pacientes – i.e., 30%), diabetes mellitus (36 pacientes, – i.e., 19%) e doença coronariana crônica (15 pacientes – i.e., 8%).

Entretanto, na análise multivariada de fatores de risco de evolução para óbito, a idade avançada foi um dos fatores estatisticamente mais significantes. Então, se o paciente possui alguma dessas comorbidades e já é idoso, o risco se acentua ainda mais.

3 – O que pacientes cardiovasculares devem fazer caso suspeitem de infecção pelo coronavírus?

O mais importante é proteger essa população para que não se exponha ao risco de contaminação. Mas, caso manifestem sintomas gripais leves e tenham tido ou não contato com pessoas com Covid-19 ou que fizeram viagens internacionais, devem usar máscara e ficar isolados em casa.

Caso o quadro se agrave e haja manifestação de sintomas de dispneia (falta de ar), instabilidade clínica como hipotensão (pressão baixa) ou taquipneia (respiração rápida), é preciso procurar o hospital o mais rápido possível.

4 – Os efeitos mais intensos da contaminação pela Covid-19 também são sentidos por quem tem problemas como diabetes e hipertensão, mesmo que estejam controladas?

Infelizmente, sim. Mas naqueles que têm essas comorbidades descompensadas, a tendência é de uma evolução menos favorável.

5 – Como o Santa Lúcia está preparado para atender a esse perfil de pacientes?

Temos equipes na Emergência e UTI preparadas para dar assistência a esses pacientes, bem como UTIs exclusivas para aqueles com suspeita ou confirmados com Covid-19, totalmente dedicadas e equipadas com respiradores, EPI e todo aparato necessário para o seu adequado tratamento.

Apesar de estarmos preparados para enfrentar essa grave crise, devemos orientar a todos e, principalmente os mais idosos, com comorbidades, que se protejam, façam o adequado isolamento social e se necessário, contem conosco.