Comportamento de risco aumenta influência do fator “má sorte” para o câncer
65% dos casos da doença podem ser fruto de mutações aleatórias durante a divisão celular
Você tentaria a sorte se soubesse que suas chances de ganhar na loteria chegam a 65%? E se descobrisse que 65% das chances de desenvolver um câncer estão ligados diretamente ao fator “má sorte”, abandonaria hábitos saudáveis e entregaria seu destino ao acaso? Um estudo americano publicado pela revista Science concluiu que 65% dos casos de câncer são influenciados por mutações aleatórias durante o processo de divisão celular que substitui as células mortas dos órgãos. Das 31 formas da doença pesquisadas, 22 parecem ser provocadas por essas mutações, entre elas o câncer no cérebro, ossos, pâncreas, ovário e sangue (leucemia). Segundo a oncologista do Hospital Santa Lúcia, Patrícia Schorn, todas as pessoas estão passíveis de desenvolver câncer, já que a doença é causada por uma série de defeitos de DNA que independem da vontade do indivíduo. Estes defeitos podem ser herdados ou adquiridos, corrigidos ou mantidos pelo sistema imunológico. “Se o paciente tem um sistema imunológico enfraquecido por outras doenças ou hábitos não saudáveis, como o consumo de tabaco e de alimentos ricos em gordura e açúcar, por exemplo, as chances do organismo não conseguir corrigir essas falhas aumenta muito”, explica. Por isso, alimentar-se de modo saudável, praticar atividade física e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas continuam exercendo papel fundamental na prevenção do câncer. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 576.580 mil novos casos da doença ocorrerão este ano em todo país. Deste total, 52,4% deverão surgir entre homens e 47,6% entre mulheres.