Como as nossas emoções afetam a saúde do nosso organismo
Alegria, tristeza, raiva, medo. Todos os dias, a nossa mente e o nosso corpo passam por diversas emoções que impactam a qualidade da saúde do organismo. Emocionar-se é uma experiência complexa e, segundo o importante neurocientista António Dama´sio, as emoções podem ser primárias (como as citadas no começo deste texto) ou secundárias, sendo as últimas resultantes da aprendizagem e por isso, associadas a respostas passadas avaliadas como boas ou ruins. Diferentemente do sentimento, que é orientado para o interior, a emoção é eminentemente relacionada ao exterior, ou seja, projetada para fora.
“As emoções desempenham um papel crucial no relacionamento com outras pessoas e na manutenção do valor ou da dignidade nas situações sociais. As emoções positivas, como o amor, a alegria, a satisfação e o respeito, tendem a resultar em uma relação próxima, estimulando o vínculo interpessoal. Já as emoções negativas, como a raiva, a dúvida ou a culpa, podem prejudicar os relacionamentos. Todavia, é importante ressaltar que nada neste campo é essencialmente bom ou ruim. O que faz algo ser prejudicial é a desproporção”, explica a Coordenadora da Psicologia Hospitalar do Hospital Santa Lúcia, Marcelle Maia.
Para ela, experiências de dor e tristeza levam ao autoconhecimento, à superação e a mudanças de comportamento. Contudo, as emoções negativas podem impedir a vivência de determinadas situações, paralisando o indivíduo, provocando fuga ou negação. “É importante buscar o equilíbrio. O resultado do que fazemos deve ser a procura da alegria e da satisfação. Como diz Dalai Lama, ‘a dor vem sozinha, a alegria deve ser buscada’”, reforça.
Mas, afinal, como as emoções impactam a saúde física? – As emoções têm a capacidade de prejudicar e de curar não apenas psicologicamente, mas também fisicamente. A expressão da emoção positiva tem sido repetidamente associada à melhor saúde e sobrevivência. Paralelamente, as emoções negativas repercutem em adoecimentos cardiovasculares, doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas etc. Reações fisiológicas como tremores, sudorese, falta de ar, taquicardia, boca seca, dor de barriga, tensão muscular, além de liberação de endorfina e aumento do cortisol, podem ser associadas a emoções.
“Os problemas de saúde física podem colocar os indivíduos em uma situação emocionalmente difícil. Uma ampla gama de respostas emocionais pode aparecer em vários estágios de um problema de saúde em resposta a sintomas, diagnósticos e tratamentos. Os problemas de saúde física envolvem inerentemente uma pessoa e o sofrimento pelo qual ela passa e, portanto, a experiência do adoecimento é associada à vivência de emoções”, reforça a psicóloga.
A importância da psicoterapia – O indivíduo que consegue gerenciar suas emoções possui mais recursos para enfrentar as situações adversas do dia a dia. Não existem restrições acerca de quem pode ou não fazer psicoterapia. Ela é indicada para todas as idades e não deve ser vista como uma prática utilizada apenas por quem apresenta distúrbios emocionais ou transtornos psiquiátricos.
“O momento de buscar tratamento psicológico consiste no reconhecimento da vivência de uma fragilidade ou sofrimento emocional; no desejo em mudar comportamentos ou aspectos da vida e até mesmo como forma de autoconhecimento. É, portanto, o reconhecimento da necessidade e o desejo pelo apoio psicológico que indica o momento ideal de buscar a psicoterapia”, explica Marcelle Maia.
A Psicologia no Grupo Santa – A Psicologia Hospitalar não trata apenas de doenças psicossomáticas, mas dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença. Toda enfermidade apresenta aspectos psicológicos e, portanto, encontra-se repleta de subjetividade. Esses podem ser a causa, desencadeador, agravante, mantenedor ou consequência do adoecimento.
Nesse sentido, o serviço de Psicologia no Hospital Santa Lúcia fornece atendimento psicológico ao paciente e sua família para promover a saúde psíquica e física do indivíduo. A atuação inclui avaliação psicológica, atendimentos focais e de apoio e suporte, interconsulta com equipe multidisciplinar, avaliação de risco de suicídio, preparação e acompanhamento da visita de criança tanto na UTI Adulto quanto nas UTIs Neonatal e Pediátrica, orientações psicológicas, realização de conferências familiares, participação nas visitas multidisciplinares e encaminhamento para acompanhamento psicoterápico após a alta hospitalar.
“Um dos objetivos do psicólogo que atua na área hospitalar é tentar minimizar o sofrimento do paciente e de sua família. O trabalho é focal, centrado no sofrimento e nas repercussões da doença e da hospitalização, associado a outros fatores como história de vida, a forma como ele assimila a doença e sua personalidade. O serviço de psicologia também está diretamente relacionado às medidas de humanização, com a criação de projetos e ações com essa finalidade”, finaliza a psicóloga.