Cisto hepático é comum aparecer em exames de rotina
Em sua maioria assintomáticas, as lesões hepáticas podem ser diagnosticadas através de exames radiológicos
Os cistos hepáticos são pequenas bolhas cheias de líquido que surgem no fígado. Estima-se que cerca de 20% da população brasileira adulta tenha esse tipo de lesão, que pode aparecer por uma má formação vascular ou, às vezes, estarem relacionadas ao uso de contraceptivos orais por mais de cinco anos e anabolizantes. Por serem em sua maioria assintomáticos, estes cistos são diagnosticados geralmente por meio de check up de rotina em exames de imagens, como ecografia. Algumas lesões com mais de 5cm podem, dificilmente, causar dores nas costas e na região abdominal. Para o gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia, Cícero Dantas, a grande parte dos cistos são benignos, mas é importante que o resultado seja avaliado por um especialista, pois são lesões que necessitam de acompanhamento anual, por vezes suspensão do anticoncepcional e, mais raramente, cirurgia minimamente invasiva.
O tratamento dos cistos no fígado vai depender do tipo da lesão diagnosticada. As mais comuns são: cistos simples, zonas poupadas de esteatose, hemangioma, hiperplasia nodular focal e adenoma. A ecografia é o exame mais usado, por ser simples e prático, permitindo informações em relação à localização, tamanho e, ainda, se é cístico ou sólido. Às vezes é preciso complementar o estudo com tomografia, ressonância ou cintilografia, além de exames de sangue para função do fígado — hepatograma ou marcadores tumorais.
Há situações em que o cisto se apresenta em formato maior, podendo fazer pressão em outros órgãos do aparelho digestivo, como a vesícula ou o estômago. Nos casos mais sérios ele pode causar hemorragia, sendo indicada uma intervenção cirúrgica. É muito importante que o acompanhamento e tratamento sejam feitos adequadamente, pois pode haver comprometimento das funções hepáticas, ruptura com hemorragia, infecção ou, algumas vezes, malignização do cisto.
Tipos de Lesões
Hemangioma: proliferação de pequenos vasos sanguíneos que raramente têm sintomas nas lesões acima de 3cm. O paciente pode apresentar dor, febre, náuseas e vômitos. A evolução da lesão pode ser congênita, benigna e afetar indivíduo em qualquer idade. É mais frequente em adultos, particularmente mulheres. Há estudos que indicam uma relação com o uso de hormônios femininos.
Hiperplasia nodular focal: é uma lesão sólida, única ou múltipla, de consistência firme e irregular. Depois dos hemangiomas, é o tumor benigno mais comum. Ocorre mais em mulheres jovens, entre a segunda e quarta décadas de vida. Provavelmente surge de uma má formação vascular. Em cerca de 10% dos casos pode se transformar em câncer e não tem correlação com o uso de anticoncepcionais.
Adenoma: entre os nódulos, este merece atenção redobrada. Ele é comum em mulheres que fazem uso de anticoncepcional oral por mais de cinco anos e pode apresentar risco de malignização e sangramento. Às vezes pode surgir em homens que usaram esteroides androgênicos, que são transformados em estrógenos durante a metabolização. “Por isso, o acompanhamento médico deve ser realizado de forma mais frequente e, em muitos casos, há indicação de cirurgia”, explica o médico. Neste caso, o tratamento deve ser feito com acompanhamento rigoroso, utilizando-se de diagnóstico por meio de ressonância magnética.