Check-up oncológico: prevenção ajuda no tratamento da doença
Hoje, 80% dos cânceres são desenvolvidos por fatores de risco que podem ser evitados com diagnóstico precoce, diz a oncologista Patrícia Schorn
A prevenção do câncer nem sempre é possível, mas há fatores de risco que estão na origem de diferentes tipos de tumores e que podem ser evitados. O principal deles é o tabagismo. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas, uma dieta pobre em fibras, vida sedentária e obesidade também compõem a lista. Hoje, 80% das causas conhecidas de câncer são relacionadas a esses fatores, enquanto 20% são de origem genética. “Sabemos quais são os riscos. Temos que melhorar os hábitos e ter uma vida com mais qualidade, além de realizar exames de rotina, que são os mesmos usados no diagnóstico de outras doenças: laboratoriais, endoscópicos, por imagem, com destaque para o exame de PEC CT e medicina nuclear”, explica a oncologista do Hospital Santa Lúcia , Patrícia Schorn. Ela acrescenta ainda a importância do conhecimento sobre o próprio corpo e , na observação de situações adversas, a procura por um especialista.
Para o público que tem uma história familiar de câncer é necessário maior atenção quanto à importância da prevenção e diagnóstico precoce, onde a realização de exames de rotina deve ser antecipada pelos médicos em 10 anos. “Quando descoberto mais cedo, maior é a chance de cura”, destaca Schorn.
Métodos Diagnósticos:
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Pele: avaliação dermatológica buscando lesões suspeitas;
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Mama: mamografia a partir dos 35 anos para pessoas com fatores de risco e acima de 40 anos para os demais;
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Colo de útero: preventivo anual a partir do inicio da atividade sexual (Papanicolau), além da vacina contra o HPV para adolescentes a partir dos 13 anos;
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Intestino: colonoscopia a partir dos 40 anos para pessoas com fatores de risco e 50 anos para a população em geral;
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Próstata: PSA e toque retal a partir dos 40 anos para fatores de risco e acima de 50 anos para a população em geral;
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Pulmão: estudo recente sugere a realização de tomografia computadorizada de tórax em tabagistas.
Análises mais específicas como o exame da mutação de dois genes: BRCA 1 e 2 são utilizados para avaliar o risco de desenvolver o câncer de mama e ovário. Em caso positivo, a paciente tem indicação absoluta para fazer a mastectomia profilática bilateral (ou cirurgia redutora de riscos, que remove completamente as mamas), além da oforectomia bilateral (retirada dos ovários).
Alguns tumores se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é freqüentemente usada como meio diagnóstico, parâmetro de estadiamento e controle da terapêutica . Essas substâncias são conhecidas como marcadores tumorais. Para Dra Patrícia Schorn esse exame deve ser solicitado com cautela, pois não há dados na literatura que regulamentem sua indicação como método preventivo. Além disso, a ocorrência de erros no resultado (falso positivo), pode gerar estresse.
Doença da imunidade
O câncer é causado por um erro genético. A todo momento, o corpo humano produz células defeituosas. No organismo sadio, elas são destruídas por proteínas que combatem os tumores. A célula maligna se forma quando há um erro na estrutura do RNA (ácido ribonucleico responsável pela síntese de proteínas da célula), que impede sua defesa. Na ausência dessa barreira natural, as células cancerosas se multiplicam em velocidade assustadora, muito superior à do restante das células do organismo. Se nada for feito contra o avanço da doença, as células cancerosas criam uma rede de vasos sangüíneos para garantir a própria nutrição. No câncer há um colapso da imunidade e resistência do organismo. O fato dos tumores crescerem ou não está relacionado com a eficiência dos processos de imunidade. Assim, se o sistema imunológico encontra-se “desequilibrado”, a probabilidade do desenvolvimento da doença aumenta. “É a célula do sistema de proteção que elimina a célula maligna. Por isso as pessoas muito jovens ou muito velhas são as que mais têm cânceres. O sistema imunológico não está completamente formado na infância ou está muito frágil na 3ª idade”, observa.
Recomendações
Manter-se dentro de limites saudáveis, evitando o consumo excessivo de carne vermelha e bebidas alcoólicas, é uma das melhores maneiras de prevenir o câncer. Para os especialistas, a ligação entre gordura corporal e câncer é mais direta do que se imaginava. Foram encontradas evidências de que a obesidade está ligada a ocorrência cinco tipos de cânceres: esôfago, pâncreas, endométrio, renal, mama (pós-menopausa) e colo-retal (INCA)
Outra evidência é a associação do consumo excessivo de carnes vermelhas e processadas com o câncer colo-retal. Segundo a pesquisa do Instituto Nacional do Câncer, as pessoas não devem comer mais que 500g de carne vermelha cozida por semana. Carnes processadas como presunto e bacon, devem ser consumidas com parcimônia.
O relatório publicado pelo INCA recomenda a realização de atividade física regular, alimentação rica em hortaliças, frutas e cereais, e o limite no consumo de sódio e açúcares. O documento incentiva ainda a amamentação, já que, segundo o estudo, o aleitamento protege a mãe do câncer de mama.