Alto consumo de alimentos industrializados pode contribuir para o surgimento do câncer colorretal
Com que frequência você costuma comer alimentos processados, como presunto, bacon, salsicha e linguiça? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), carnes processadas estão na lista de alimentos responsáveis por aumentar os riscos de desenvolvimento de diversos tipos de câncer, especialmente os da região colorretal (intestino e reto).
O uso de nitritos e nitratos nos alimentos embutidos (salsichas e carnes processadas) está relacionado à maior incidência de cânceres de estômago e intestino. “Ademais, no processo de industrialização, é comum retirar dos alimentos substâncias que reduzem seu tempo de validade, como as fibras. Isso pode levar ao aparecimento de doenças como o câncer, já que as fibras são essenciais ao bom funcionamento do intestino”, explica o nutrólogo do Hospital Santa Lúcia, Allan Ferreira.
De acordo com o médico, ao optar por um produto industrializado, o indivíduo deixa de ingerir algo natural. Como os industrializados costumam ser mais pobres em nutrientes, não basta apenas reduzir ou eliminar estes alimentos da dieta. “É preciso acrescentar opções saudáveis, como verduras, legumes, frutas, alimentos integrais na alimentação”, ressalta o especialista.
CÂNCER COLORRETAL – O câncer colorretal, tumor maligno localizado no intestino grosso, é o terceiro tipo de câncer mais prevalente na população e está atrás apenas dos de mama, entre mulheres, e de próstata, entre os homens.
A doença atinge, principalmente, pessoas que não praticam atividade física, obesas e aquelas com dieta pobre em fibras. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 34.280 novos casos de câncer colorretal estão previstos para ocorrer no Brasil em 2016, sendo 16.660 em homens e 17.620 em mulheres.
Dores no abdômen, sangramento retal e obstrução intestinal são alguns dos sintomas mais simples de alerta. Mas é preciso estar atento também a outros indicadores, como a anemia e o emagrecimento. Pessoas diagnosticadas com anemia não devem fazer apenas a reposição de ferro no organismo, mas também realizar exames para descartar a possibilidade de câncer no intestino, especialmente depois dos 50 anos de idade.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – Os tumores no intestino podem ser detectados por meio de exames que identificam sangue oculto nas fezes e que são recomendados pelos especialistas para todas as pessoas a partir dos 50 anos, ou 10 anos antes para pessoas cujos parentes próximos (pais e irmãos, por exemplo) tenham tido câncer.
“Já o tratamento do câncer de cólon e reto é complexo, depende do estadiamento da doença e deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar com profissionais especializados em coloproctologia, cirurgia oncológica, radioterapia, radiologia e oncologia clínica”, detalha o oncologista do Hospital Santa Lúcia, Rafael Amaral.
OUTRAS DOENÇAS – Uma alimentação saudável, com pouco açúcar, gordura, sal e conservantes, contribui para evitar o desenvolvimento de uma lista interminável de doenças, que inclui a obesidade, o diabetes, as doenças cardiovasculares como o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), além de outros tipos de câncer.
“A adição dessas substâncias, muito presentes nos alimentos industrializados, é feita para melhorar seu sabor, torná-los mais atraentes e para aumentar seu prazo de validade, mas os danos à saúde que eles podem provocar não devem ser esquecidos pelo consumidor”, finaliza o nutrólogo Allan Ferreira.