A importância da terapia nutricional na recuperação de pacientes graves
Um paciente de 67 anos é internado em caráter de urgência em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), vítima de acidente vascular encefálico isquêmico (AVCI) – também conhecido como derrame ou isquemia cerebral – que o fez entrar em estado de coma. Ele necessita de ventilação mecânica para respirar e seus sinais vitais são estáveis, mas está impedido de se alimentar porvia oral. A equipe do hospital decide, então, colocar uma sonda nasoenteral para garantir que ele não fique desnutrido e que seu tratamento dê os melhores resultados possíveis.
O caso pode ser real e ilustra uma situação comum entre pacientes graves internados em UTIs: a necessidade de se alimentar de modo especial para assegurar sua plena recuperação. Estudos têm demonstrado que a primeira semana da doença grave é decisiva e que o aporte calórico muda o desfecho clínico para melhor se começar a ser corretamente administrado até o terceiro dia da internação.
Uma estratégia nutricional adequada tem relação direta com melhores resultados no tratamento de pacientes clínicos ou cirúrgicos, enquanto uma terapia nutricional insuficiente ou inapropriada pode significar mais tempo de internação e maior incidência de complicações, como infecções.
“A baixa ingestão de calorias durante a internação pode dificultar o prognóstico do paciente. Um déficit calórico acumulado de 10 mil Kcal durante uma internação aumenta em até 50% a incidências de complicações tanto em pacientes clínicos quanto cirúrgicos”, afirma Elber Rocha, médico intensivista do Hospital Santa Lúcia.
Em estado de coma, o paciente não fala, não deglute e, por isso, não consegue se alimentar pela via oral. “Nestas situações, optamos pela administração da nutrição enteral, em que o alimento especialmente formulado é introduzido no organismo por uma sonda colocada no estômago ou duodeno do paciente”, explica o nutrólogo Denizard Ferreira, coordenador da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do Grupo Santa e pioneiro na implantação do serviço em Brasília, no Hospital Santa Lúcia.
Além da terapia de nutrição enteral, a do tipo parenteral também auxilia o tratamento de pacientes graves para a manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. Ambas permitem a ingestão controlada de nutrientes de forma segura, sem risco de infecções e de modo programado, mas a parenteral – composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais – é administrada pela via intravenosa. Um paciente internado devido a um tumor que está obstruindo seu intestino tem seu sistema digestivo temporariamente comprometido e, por isso, precisa de alimentação diferenciada.
COMO ACONTECE? A integração das equipes de EMTN, formada pelo médico nutrólogo, nutricionista, enfermeira e farmacêuticoe da Unidade de Terapia Intensiva permite o acompanhamento 360 graus do paciente, ou seja, que ele seja monitorado em todas as suas necessidades.
A rotina inclui a coleta diária de sinais vitais e exames laboratoriais dos pacientes. Com os resultados em mãos, as equipes da EMTN e UTI se reúnem para discutir cada caso. Em seguida, o médico nutrólogo e o intensivista definem a conduta a ser adotada e a equipe de enfermagem instala e supervisio