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13 de March de 2017

Câncer de vesícula está associado à presença de cálculos biliares

As pessoas portadoras de pedra na vesícula, as mulheres, os obesos e a população com idade mais avançada têm maiores chances de desenvolver tumores na vesícula biliar. O pequeno órgão parecido com uma pera fica localizado no lado direito do abdômen e é responsável por armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que atua na digestão de gorduras no intestino.

 

A doença está muito associada à presença de cálculos conhecidos como pedras na vesícula (coletitíase), cuja ocorrência é mais comum em pessoas do sexo feminino devido a variações hormonais causadas por fatores como os ciclos menstruais e a gravidez, por exemplo. Essas variações podem dificultar o esvaziamento da vesícula e alterar o metabolismo do colesterol, um dos fatores de risco para o aparecimento dos cálculos.

 

“De modo geral, o câncer de vesícula não causa sintomas. Quando eles ocorrem, podem incluir dores abdominais difusas e constantes, associada a náuseas, vômitos e anorexia. Em estágios mais avançados, o paciente pode desenvolver icterícia (coloração amarela da pele e das secreções orgânicas), perda de peso, aumento do fígado, massa palpável abdominal ou ascite (inchaço do abdômen conhecido como ‘barriga d’água’)”, afirma a oncologista do Hospital Santa Lúcia, Adriana Moura.

 

De acordo com a médica, a maior parte dos fatores de risco conhecidos para o câncer de vesícula biliar – como idade, sexo e anormalidades do ducto biliar – estão fora do controle do paciente. Por isso, na maior parte das vezes o diagnóstico é realizado quando o tumor já se apresenta em estágio avançado.

 

“Contudo, manter hábitos alimentares saudáveis e praticar exercícios físicos são atitudes que possuem efeitos positivos na medida em que contribuem para a regulação hormonal e o controle do colesterol, fatores de risco para a formação dos cálculos biliares”, destaca Adriana Moura.

 

Segundo a médica, quando há suspeita de alterações no funcionamento do órgão, o diagnóstico é feito inicialmente por meio de exames de imagem como ultrassom e confirmado por uma biópsia. Exames mais detalhados, como tomografia ou ressonância, também podem ser necessários para avaliar a extensão da doença no organismo.

 

EXTRAIR A VESÍCULA? – Um dos questionamentos mais comuns sobre o câncer de vesícula é sobre a realização da colecistectomia, ou seja, a extração do órgão como forma de impedir o desenvolvimento de tumores. Na avaliação da médica, é preciso ponderar cada caso, já que a incidência do câncer de vesícula é relativamente baixa em comparação à ocorrência de cálculos biliares na população.

 

“Não podemos simplesmente retirar o órgão em todas as pessoas com pedras biliares. A extração é recomendada em situações de alto risco, como em pacientes com a chamada vesícula porcelana, ou seja, quando o órgão já está muito calcificado por causa das pedras. Neste caso, cerca de 25% dos pacientes pode desenvolver o câncer, então a retirada da vesícula se justifica”, pondera a especialista.

 

Os principais tipos de tratamentos para o câncer da vesícula biliar incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapias paliativas, como a drenagem biliar, eficaz no controle de sintomas. A melhor abordagem e o prognóstico do tratamento são sempre determinados pelo estágio da doença que, quando detectada precocemente, pode ser tratada com sucesso.