Câncer de tireoide é o mais comum entre os tumores de cabeça e pescoço nas mulheres
O câncer de tireoide – glândula que produz os hormônios T3 , T4 e a calcitonina, responsáveis pelo controle do metabolismo, temperatura do corpo, sistema cardiovascular, crescimento e o desenvolvimento dos ossos, dentre outras funções no organismo – é o mais comum entre os tumores de cabeça e pescoço em pessoas do sexo feminino.
As mulheres, especialmente entre 45 e 50 anos de idade, têm até três vezes mais chance de desenvolver a doença em comparação com indivíduos do sexo masculino. Apesar de ainda não haver estudos definitivos sobre as razões desta ocorrência, acredita-se que a maior incidência da neoplasia no sexo feminino tenha relação com alterações hormonais.
“Nas mulheres brasileiras, o câncer de tireoide é o 9º mais frequente nas regiões sudeste e centro-oeste. Já nas regiões nordeste e norte, é o 6º tipo mais frequente”, detalha o especialista em cirurgias de cabeça e pescoço do Hospital Santa Lúcia, André Gouveia.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados 5.870 novos casos de câncer de tireoide em pessoas do sexo feminino e 1.090 em indivíduos do sexo masculino em todo o Brasil este ano, o que representa 2% a 5% dos cânceres em mulheres e menos de 2% dos tumores em homens.
SINTOMAS E FATORES DE RISCO – Na fase inicial, a doença não costuma causar dores e não apresenta sintomas. Já nos casos mais avançados, a paciente pode apresentar aumento dos linfonodos do pescoço (linfonodomegalias cervicais), alteração ou enfraquecimento da voz (disfonia), dificuldade para deglutir (disfagia) e para respirar (dispneia).
A maior parte dos cânceres de tireoide tem uma origem desconhecida. “Entretanto, além do componente genético, já se sabe que são fatores de risco a inflamação crônica da glândula (tireoidite), que pode ser causada pela ingestão excessiva de iodo, e a exposição à radiação. Esta última é o fator de risco mais bem estabelecido para a doença, especialmente se a exposição é iniciada antes dos 5 anos de idade”, explica André Gouveia.
DIAGNÓSTICO – O diagnóstico de câncer de tireoide começa com uma boa anamnese – entrevista realizada pelo profissional de saúde para estudar o histórico de vida do paciente que possa ter relação com a doença –, além de exame físico do pescoço feito pelo médico clínico e pelo cirurgião de cabeça e pescoço, e exames complementares, como a ultrassonografia e a punção aspirativa por agulha fina.
“Como não existe um consenso sobre a idade para investigar a tireoide em pessoas sem os fatores de risco conhecidos, a ultrassonografia é feita, geralmente, quando há um crescimento anormal da glândula, sintomas de alteração hormonal ou na evidência de nódulos nos pescoço”, informa o especialista. “Caso o indivíduo apresente fatores de risco, a indicação é fazer o ultrassom para detectar possíveis nódulos o mais cedo possível”, acrescenta.
TRATAMENTOS – O câncer de tireoide é uma doença maligna como qualquer outro tipo de câncer, porém a chance de cura, na maioria dos casos, é muito mais alta e ultrapassa 95% dos casos. O tratamento deve ser feito o mais rápido possível, logo que houver o seu diagnóstico ou a sua suspeita.
O tratamento padrão para a doença é a retirada de toda a glândula (tireoidectomia total), que pode ser associada ao esvaziamento cervical – remoção sistemática de linfonodos e de seu tecido fibrogorduroso adjacente dos vários compartimentos do pescoço – indicado em caso de metástases cervicais. “Esse tratamento é seguro e efetivo quando realizado por médicos especialistas em cirurgia de cabeça e pescoço”, alerta o médico.
Já o tratamento complementar deve ser avaliado individualmente após o resultado da análise de toda a tireoide e linfonodos, feita pelo médico patologista.