Controle da pressão arterial reduz risco de doenças cardiovasculares em 25%
Manter a pressão arterial controlada e dentro da meta de 12mmHg por 8mmHg – valores recomendados para pressão máxima e mínima, respectivamente – pode reduzir em até 25% o risco de doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio, angina e acidente vascular cerebral (AVC). É o que aponta o estudo Sprint, realizado em 102 centros de pesquisa nos Estados Unidos e publicado no New England Journal of Medicine, uma das publicações científicas mais importantes do mundo.
O estudo avaliou 9.361 pacientes com idade mínima de 50 anos e pressão arterial sistólica (pressão máxima) alta, entre 130 e 180 mmHg. Uma parte do grupo teve sua pressão reduzida para valores menores que 14mmHg – valores desejáveis para pacientes hipertensos até então –, enquanto a outra recebeu tratamentos mais intensivos para manter a pressão máxima em 120mmHg.
“Após um período médio de três anos, os resultados evidenciaram que o grupo de tratamento intensivo apresentou uma quantidade 25% menor de eventos cardiovasculares fatais e não fatais, além de uma melhor sobrevida, com redução da mortalidade”, explica o cardiologista do Hospital Santa Lúcia, Fausto Stauffer.
A diretriz brasileira estabelece que a meta considerada saudável para a pressão arterial é de 120x80mmHg. Quando a pressão máxima está entre 120 e 139mmHg e a mínima entre 80 e 89mmHg, o paciente apresenta um quadro de pré-hipertensão e, a partir de 140mmHg por 90mmHg, o indivíduo é considerado hipertenso.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a doença é mais prevalente em pessoas obesas ou com sobrepeso e atinge um em cada quatro adultos. O índice aumenta após os 60 anos de idade, chegando a 50% da população. As crianças e adolescentes também podem ser vítimas da hipertensão, que atinge cerca de 5% desta faixa etária no Brasil.
PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO – Além da idade e do histórico familiar, a má qualidade da alimentação e o excesso de peso ou obesidade são fatores essenciais para a hipertensão arterial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menos de 5 gramas de sal sejam ingeridas por dia e, por isso, manter uma dieta equilibrada ajuda a evitar a doença.
“Os alimentos industrializados têm sempre grande quantidade de sódio e, por isso, devem ser evitados. Além disso, a obesidade é fator de risco e deve ser combatida”, ressalta Fausto Stauffer.
A hipertensão arterial é diagnosticada quando duas medidas elevadas da pressão são feitas no consultório do especialista e, ainda, por meio de exames complementares, como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).
TRATAMENTO – A hipertensão arterial traz consequências gravíssimas porque ataca os vasos sanguíneos, o coração, os rins e o cérebro, sendo responsável por 40% dos casos de infarto, 80% dos AVC e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. Contudo, esses problemas podem ser evitados com o diagnóstico precoce para tratamento adequado e o devido acompanhamento médico.
“Todo paciente hipertenso deve utilizar suas medicações de acordo com a prescrição médica e consultar o seu cardiologista pelo menos uma vez ao ano para que sejam pesquisadas lesões nos órgãos-alvo da doença: olhos (retina), rins, vasos sanguíneos e coração. Apenas quando a hipertensão é considerada secundária – decorrente de alguma outra patologia – há chance de cura, desde que a doença causadora seja eliminada. Mas, em geral, ela é crônica e deve ser controlada para que o paciente leve uma vida normal”, finaliza o especialista.