Consumo de álcool e tabaco aumenta risco de desenvolver câncer de boca
Apesar de ser um dos 10 tipos de tumores malignos mais frequentes no Brasil, o câncer de boca permanece desconhecido pela população, o que faz com que boa parte dos diagnósticos seja realizada quando ele já se encontra em estágios avançados.
Mais comum em pessoas que fumam e consomem bebidas bebem alcoólicas com frequência, a doença atinge a chamada língua oral, a gengiva, o assoalho da boca (embaixo da língua), o palato duro (céu da boca), a mucosa jugal (mucosa das bochechas) e a área retromolar (atrás dos dentes).
“O efeito combinado do cigarro e do álcool aumenta em 40% a chance de câncer de boca. Quando diagnosticado no início, com tumores restritos ao local de origem, as chances de cura chegam a 80%. Já em tumores avançados, elas caem para 10%”, explica o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital Santa Lúcia, André Gouveia.
Além do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas, o câncer de boca pode ser causado por alterações genéticas, principalmente em pessoas mais novas. Contudo, esses casos são raros. Há ainda estudos recentes que associam a doença ao vírus HPV.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos para o câncer de boca no Brasil em 2016 é de 15.490, dos quais 11.140 em homens e 4.350 em mulheres.
Quando descoberta em fase muito avançada, a doença apresenta alto índice de mortalidade. Também segundo o INCA, em 2013 os tumores na boca provocaram 5.401 óbitos. Deste total, 4.223 eram homens e 1.178 mulheres.
“Como os homens fazem mais uso de álcool e cigarro, o câncer de boca é mais prevalente em indivíduos do sexo masculino, sendo o quinto tumor mais frequente entre eles. Entre as mulheres, é o 12º que mais ocorre no Brasil”, informa o especialista, que integra o Instituto de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Incape) juntamente com outros profissionais: Cláudio Estrella, José da Costa, Rafael Resende, Rondinelly Ribeiro e Francisco Mitrovick.
SINTOMAS – Os principais sintomas do câncer de boca são lesões na cavidade oral (placas vermelhas ou esbranquiçadas), que podem vir desacompanhadas de dor, inicialmente, mas que não cicatrizam em até 15 dias.
Já no caso de tumores mais avançados, o paciente pode apresentar nódulo no pescoço, dor no local, dificuldade para falar, desconforto e dor para engolir e saliva sanguinolenta.
PREVENÇÃO – Além de suspender o uso de cigarros e bebidas alcoólicas, a prevenção do câncer de boca inclui uma boa higiene bucal, próteses dentárias bem adaptadas e hábitos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada, natural e rica em nutrientes.
Apesar de serem raros os casos, pessoas que não bebem e nem fumam também podem desenvolver a doença. “Isto acontece devido a alterações genéticas, má higiene bucal, deficiências nutricionais, como a falta de vitamina A, além de anemia crônica associada à síndrome de Plummer-Vinson e trauma crônico (prótese má adaptada)”, enumera André Gouveia.
Todas as pessoas que fazem uso crônico de álcool e cigarro, além dos pacientes com mais de 50 anos, devem fazer o autoexame da cavidade oral, tanto visual, com uma boa iluminação, quanto a palpação à procura de lesões ou nódulos.
A cavidade oral também deve ser observada por dentistas e médicos generalistas em exames de rotina. Em caso de suspeita da doença, é preciso procurar o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço. “Toda lesão na cavidade oral que não cicatrize em até 15 dias merece uma avaliação do especialista, que pode demandar uma biópsia”, detalha o médico.
TRATAMENTOS – Os tratamentos mais indicados para o câncer de boca são a cirurgia e a radioterapia. Esses métodos podem ser utilizados de forma isolada ou associada, a depender da localização do tumor e das alterações funcionais que possam a ser provocadas por causa do tratamento. A quimioterapia também pode ser um recurso complementar, especialmente emtumores avançados.