Hospital Santa Lúcia realiza primeiro transplante de ossos no DF
Instituição cumpre todas as regras do Ministério da Saúde e consegue credenciamento para realizar cirurgia inédita na Capital
Brasília tem se tornado um importante polo de transplantes no Brasil. Os números cada vez mais expressivos e a variedade de órgãos transplantados colocam a cidade em significante patamar no cenário brasileiro. Os médicos do Hospital Santa Lúcia realizaram o primeiro transplante de ossos no Distrito Federal no final de 2012, incrementando ainda mais esse quadro.
O procedimento é utilizado para repor perdas e segmentos de ossos no caso da retirada de tumores ou próteses, que causam desgaste. O método também é empregado em perdas ocasionadas por acidentes e traumas diversos.
Em geral, o transplante é realizado em pacientes de idade avançada que precisam tratar-se em função de quedas e que não tiveram sucesso em quaisquer das variadas terapias empregadas para a consolidação de fraturas. “Após o esgotamento dos métodos disponíveis, é indicado o transplante de ossos, sempre provenientes de doadores mortos”, explica o coordenador, Dr. Marcelo Ferrer. Segundo ele, esses ossos são armazenados em bancos de tecido musculoesquelético localizados em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
É a primeira vez que uma equipe médica e um hospital no Distrito Federal conseguem cumprir todas as normas e completar o credenciamento exigido pelo Ministério da Saúde para realizar tal método. “No Brasil, a legislação que regula esse tipo de transplante é bastante rígida. Por isso, essa liberação é um grande passo para a cidade, que possui diversos pacientes à espera de uma oportunidade de realizar a cirurgia, mas precisavam se deslocar para outras capitais”, explica Ferrer. De acordo com o especialista, a técnica também abre perspectivas para o tratamento de perdas de tendões e ligamentos. “É o desafio de trabalhar com o novo, que nos faz crescer e aprender. Estamos muito felizes de poder abrir esse caminho em Brasília”, alegra-se.
O feito ocorreu em 30 de novembro de 2012, no Hospital Santa Lúcia, pelos ortopedistas Marcelo Ferrer, Luciano Ferrer e Maxwell Gonçalves. O procedimento durou três horas e foi realizado na paciente Cáritas Ribeiro, de 80 anos, que recebeu a parte distal do fêmur para recuperar uma fratura proveniente de um tombo sofrido em 2011.
Após diversas tentativas frustradas de tratamento, e em função de avançado quadro de osteoporose, a saída foi realizar o transplante. O médico explica que a cirurgia foi muito bem sucedida. A recuperação, em casa, necessita de dois a três meses de repouso e fisioterapia para consolidar a integração completa do novo osso. “Estou muito animada para voltar à ativa, mas sei que tenho de esperar”, conforma-se a bem-humorada senhora.
Após o transplante, a paciente foi medicada com analgésicos para aliviar as dores. Para não perder os movimentos e dar força ao membro afetado, ela faz fisioterapia três vezes na semana, ao mesmo tempo em que é avaliada pela equipe médica responsável pela cirurgia. Atualmente, a paciente não apresenta dor, tem movimentos completos e já fica em pé com apoio e carga parcial no membro inferior esquerdo.
Transplantes no DF
Dados do Ministério da Saúde revelam que o Distrito Federal realizou 601 transplantes em 2012, o que representa 52% a mais em relação a 2011. Por órgão transplantado, o resultado mostra que foram 429 cirurgias de transplante de córnea, 104 de rim, 39 de fígado, 18 de coração e 11 de medula óssea.
Em todo país, o aumento geral foi de 2,6% em 2012, quando o total de cirurgias chegou a 23,9 mil. No DF, o número de doares aumentou de 37 para 56, o que elevou de 14,4 para 21,7 a quantidade de doadores por milhão de população.
Com a tendência de aumento nos transplantes e de doadores, houve redução no número de pessoas que estão na lista de espera por uma cirurgia. No país, 26.662 pessoas aguardam por transplantes — redução de 4,2% em relação a 2011 (27.827).