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10 de May de 2021

Covid na gestação: O que fazer para cuidar da mãe e do bebê

Casos de Covid-19 na gestação ou em lactantes devem ser acompanhados individualmente para segurança materno-fetal, afirma obstetra do Santa Lúcia

 

A gestação é um momento muito especial para toda a família, principalmente para mamãe e bebê. Por isso, é fundamental que haja um acompanhamento completo e especializado, especialmente em um período de pandemia. Pensando nisso, conversamos com a médica Silvana de Moura Vasconcellos, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Lúcia, que nos explicou como é feito o pré-natal, parto e acompanhamento mamãe-bebê nos casos de Covid-19.

“As consultas de pré-natal estão mantidas durante a pandemia, pois visam a saúde materno-fetal. As gestantes com sintomas gripais são encaminhadas para o atendimento na emergência Covid e passam por investigação da presença de sinais de gravidade. Na ausência deles e de comorbidades que contraindiquem o acompanhamento ambulatorial, a paciente deverá ser encaminhada para o ambiente domiciliar, onde ficará em isolamento social e sob cuidados de suporte”, explica a médica.

Nos casos em que a gestante apresenta sinais graves da doença, são realizados exames clínicos e de imagem, como radiografia e tomografia computadorizada de tórax, para avaliar possível comprometimento respiratório. “A infecção por COVID-19 em si não é uma indicação para o parto, a menos que haja uma necessidade de melhorar a oxigenação materna. Nos casos leves e estáveis, a gravidez pode ser prolongada sob vigilância rigorosa. Nos casos críticos, a continuação da gravidez pode comprometer a segurança da mãe e do feto. Em tais situações, a antecipação do parto pode ser indicada mesmo em situação de prematuridade”, explica a médica. Leia entrevista completa sobre o tema:

O Hospital Santa Lúcia é referência em neonatologia em Brasília. Quais os cuidados e protocolos adotados pelo hospital no atendimento às gestantes?

O Grupo Santa oferece os melhores e mais modernos protocolos de atendimento às gestantes, dando assistência e apoio durante a gestação, trabalho de parto, parto e pós-parto, com uma equipe de ginecologistas, obstetras, neonatologistas, emergencistas e intensivistas preparados para o atendimento adequado. Estamos preparados para atender com segurança nossas gestantes, tomando todas as medidas de segurança na pandemia. Nossa equipe materno-infantil segue orientações e protocolos assistenciais nacionais e internacionais, em especial, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

É possível que haja transmissão de Covid-19 de mãe para filho?

Atualmente, a ocorrência da transmissão vertical encontra-se em estudo e não pode ser totalmente descartada. Gestantes com a Covid-19 apresentam risco aumentado de complicações respiratórias graves. Puérperas (mães que tiveram bebês recentes) com a doença podem transmitir Covid-19 para seus bebês através de gotículas respiratórias, principalmente durante a amamentação.

Mulheres grávidas possuem risco aumentado em relação à Covid-19?

A Covid-19 em gestantes tem letalidade semelhante ao do adulto jovem, ou seja, gestantes podem se contaminar e ter quadros graves na mesma proporção da população jovem. O grupo de maior risco de morbimortalidade para o Coronavírus continua sendo o grupo dos pacientes idosos e/ ou com comorbidades. Contudo, apesar das gestantes não configurarem no grupo de maior risco, elas devem redobrar os cuidados para evitar contaminação, pois seu adoecimento grave, como em qualquer doença sistêmica importante, pode comprometer a saúde fetal, incluindo os riscos associados ao parto pré-termo.

A rotina de consultas e exames de pré-natal deve sofrer alguma mudança em função da pandemia?

Não. As consultas de pré-natal estão mantidas durante o período da pandemia, pois trata-se de atendimento específico, que visa manter a saúde materno-fetal. A periodicidade das consultas e exames complementares está sendo organizada para garantir o cuidado adequado de cada gestante, evitando excesso de visitas a locais com ambientes fechados e/ou com aglomeração de pessoas.
Nas pacientes com infecção diagnosticada ou suspeita e já em acompanhamento da infecção viral, a sua consulta de pré-natal deverá ser agendada para quando finalizar o período de isolamento. O atendimento é realizado com equipamentos de proteção individuais adequados a cada cenário clínico para evitar o aumento da disseminação da Covid-19, desde a recepção até o consultório médico. O material utilizado é higienizado a cada atendimento.

Como é feito o atendimento em gestantes com sintomas de Covid-19?

As gestantes com sintomas gripais são encaminhadas para o atendimento na emergência Covid e passam por investigação da presença de sinais de gravidade. Na ausência de sinais de gravidade e de comorbidades que contraindiquem o acompanhamento ambulatorial, a paciente deverá ser encaminhada para o ambiente domiciliar, para isolamento social e cuidados de suporte. É essencial que a gestante esteja bem orientada sobre os sinais de agravamento para que possa procurar a maternidade sem atrasos.

No caso de gestantes com a forma grave da doença, quais os cuidados devem ser tomados?

Gestantes com sinais de Covid-19 grave (confirmadas ou não) são cuidadosamente atendidas tentando avaliar o impacto da doença respiratória. Esse grupo específico de gestantes, possivelmente, necessitará da realização de exames radiológicos, tais como radiografia e tomografia computadorizada de tórax, para definição do contexto clínico.

Gestantes com coronavírus devem antecipar ou prologar o parto para evitar maiores danos aos bebês?

A infecção por Covid-19 em si não é uma indicação para o parto, a menos que haja uma necessidade de melhorar a oxigenação materna. As decisões sobre a interrupção da gravidez e o parto de emergência são desafiadoras e baseadas em muitos fatores como idade gestacional, condição materna e estabilidade fetal. Nos casos leves e estáveis, a gravidez pode ser prolongada sob vigilância rigorosa. Nos casos críticos, a continuação da gravidez pode comprometer a segurança da mãe e do feto. Em tais situações, a antecipação do parto pode ser indicada, mesmo em situação de prematuridade.

Mães com diagnóstico positivo de Covid-19 devem interromper a amamentação?

A amamentação deve ser mantida em caso de infecção pela Covid-19, desde que a mãe deseje amamentar e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo. Os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus através do leite materno. A mãe infectada deve ser orientada para observar as medidas de segurança, com o propósito de reduzir o risco de transmissão do vírus através de gotículas respiratórias durante o contato com a criança, incluindo a amamentação.

Gestantes e lactantes devem tomar a vacina contra a Covid-19?

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) emitiu a recomendação em relação à vacinação de gestantes e lactantes, com as vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil. O objetivo da vacinação nesse momento é a redução da morbimortalidade causada pelo novo coronavírus. Para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios, em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico prescritor.