Doação de sangue: o que mudou com a pandemia do novo coronavírus?
O surgimento do coronavírus e a necessidade de isolamento social alteraram a rotina de todas as pessoas e impactaram também as doações de sangue. No início do isolamento do Distrito Federal, os estoques de sangue que abastecem os hospitais da capital sofreram uma queda, mas logo se recuperaram e estabilizaram nas semanas seguintes. Desde 25 de março, para evitar aglomerações, o Hemocentro de Brasília realiza doações de sangue por agendamento.
Mas, afinal, quais os impactos da Covid-19 no processo de doação? Que cuidados são necessários? Quem pode ou não doar? Para responder a estas e outras perguntas, convidamos o médico Marcos Pontes, especialista em Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia.
Segundo ele, os órgãos de saúde orientam que as pessoas que viajaram ou que sejam procedentes de países com transmissão local e casos confirmados da doença sejam consideradas inaptas para a doação por um período de 14 dias após a chegada da viagem. “O mesmo vale para pacientes com a doença em atividade, já que eles são fontes contaminadoras e ainda não possuem imunidade adquirida permanente contra o coronavírus”, explica.
Todavia, se o indivíduo foi contaminado, teve a doença e já está curado, a doação é possível e pode, inclusive, ajudar na cura de pessoas com formas graves de Covid-19. “Quem se cura dessa infecção desenvolve anticorpos no plasma sanguíneo que podem ser úteis para ajudar a recuperação daqueles com formas graves da doença. O plasma é a parte líquida do sangue e poderá ser coletado de pessoas recuperadas para ser aplicado em pacientes que apresentam um quadro grave da doença”, detalha o especialista.
COLETA – Além da coleta realizada no Hemocentro de Brasília, os hospitais Santa Lúcia Sul, Santa Lúcia Norte e Maria Auxiliadora (Gama) possuem serviços de hemoterapia e agências transfusionais em parceria com a Hemoclínica – Clínica de Hematologia e Hemoterapia (banco de sangue), nos quais é possível doar sangue para pacientes internados.
O serviço é realizado por uma equipe multidisciplinar de médicos, biomédicos, enfermeiros, técnicos transfusionistas e equipe administrativa, todos devidamente especializados e em constante treinamento.
A coleta também pode ser feita em domicílio, desde que haja atenção às medidas de higiene para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus. “A lavagem correta das mãos, o uso de produtos antissépticos, a intensificação da higiene das áreas, instrumentos e superfícies aumentam a segurança do procedimento”, enfatiza o médico Marcos Pontes.
Todo sangue doado passa por uma rigorosa análise para verificar potenciais agentes contaminadores. “Quem doa sangue, doa uma nova oportunidade de vida. Procure o hemocentro mais próximo e seja um doador regular, independentemente de quem estiver precisando. Uma doação pode salvar até quatro vidas”, finaliza.