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13 de March de 2020

Qual a relação entre dores de cabeça e qualidade do sono?

Você sente dor de cabeça durante o tempo em que está dormindo ou ao acordar? Esse incômodo, que pode ser moderado ou severo – como no caso das enxaquecas – pode estar associado a distúrbios do sono, como explica o médico Lucas Albanaz Vargas, especialista em Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia. De acordo com ele, enquanto a privação do sono ou o sono fragmentado podem provocar as dores, noites bem dormidas são eficazes no alívio dos seus sintomas.

“As dores de cabeça primárias e os distúrbios do sono são comuns, muitas vezes coexistem no mesmo paciente e podem envolver o desequilíbrio na produção de substâncias como a serotonina e a melatonina, além de fatores de risco tais como sexo e idade (feminino/ 50 a 59 anos), obesidade, ansiedade, síndrome das pernas inquietas, insônia e pesadelos”, afirma.

Os mecanismos de associação neurobiológica entre sono e dores de cabeça são complexos, multifatoriais e ainda mal compreendidos. Mas uma coisa é certa: todos os distúrbios do sono estão, em algum grau, relacionados às dores de cabeça.

“Todas as avaliações de pacientes com dor de cabeça devem incluir perguntas sobre os padrões de sono e queixas relacionadas. Indivíduos com dor de cabeça durante a noite ou ao acordar que são resistentes aos tratamentos prescritos requerem avaliações mais avançadas, feitas por meio da realização de exames como a polissonografia”, detalha Lucas, mestre e agora doutorando em Ciências Médicas.

ENXAQUECA – A enxaqueca é uma das mais de 150 modalidades de dor de cabeça existentes, segundo a Sociedade Internacional de Cefaleia. Em geral, ela começa com uma dor latejante que aumenta aos poucos, pode estar associada à aversão à luz (fotofobia) e/ou ao som (fonofobia) e, em momentos de crise, provocar náuseas e vômitos. A privação de sono é uma de suas causas, mas a enxaqueca pode ser igualmente provocada por alterações hormonais, consumo excessivo de café e de alguns tipos de alimentos, além da prática intensa de atividade física.

VOCÊ DORME BEM? – O sono é uma função biológica fundamental na consolidação da memória, na regulação da visão, na temperatura corporal, na conservação e restauração da energia e na reparação do metabolismo energético cerebral. Por isso, alterações na rotina podem comprometer substancialmente a qualidade de vida do indivíduo, tendo em vista que implicam o seu funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social.

A necessidade diária de sono depende das características e funcionamento de cada organismo. “Um indivíduo pode dormir 8 horas por noite e mostrar indisposição, falhas de memória e hipersonolência diurna, enquanto outro pode dormir apenas 5 horas e mostrar total disposição e bem-estar”, afirma Lucas.

O seu ciclo inclui um conjunto de fases que começam no momento em que a pessoa adormece e vão progredindo e tornando-se cada vez mais profundas, até o corpo entrar em sono REM (rapid eye movement), o mais difícil de alcançar, mas aquele em que o corpo consegue realmente relaxar e no qual a taxa de renovação cerebral é maior.

“Uma boa noite de sono ocorre ao adormecer facilmente, em horário regular, respeitando o próprio relógio biológico, sem acordar mais cedo do que o necessário. Dormir bem é tão importante quanto ter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física. Ao sujeito saudável, cabe a conscientização de que uma boa noite de sono deve ser primordial no seu dia a dia, pois é uma das formas de se obter qualidade de vida, priorizando a saúde”, finaliza o especialista.