Chegada das chuvas no DF aumenta estado de atenção à dengue
O começo do período chuvoso no Distrito Federal aumenta o estado de alerta para a possibilidade de proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e de outras doenças virais comuns no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados em setembro deste ano, a dengue avançou 2.113,8% no DF, com um total de 35.531 casos entre dezembro de 2018 passado e agosto de 2019. No mesmo período anterior, o número era de 1.605 casos confirmados da doença.
A dengue é uma doença febril grave causada por um arbovírus e possui quatro subtipos. Cada pessoa pode ter os quatro, mas a infecção só ocorre uma vez por cada um deles – já que, depois de contaminada, ela fica imune a uma nova infecção pelo mesmo vírus.
“Apesar de haver uma variação de gravidade dos sintomas entre os quatro tipos descritos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que estão em circulação no Brasil, mesmo uma dengue com menor propensão para se tornar grave tem potencial para isso se não tratada corretamente e em tempo hábil”, reforça o coordenador-geral da Emergência do Hospital Santa Lúcia Sul (HSLS), Luciano Lourenço.
A dengue que mais acomete os brasileiros é a do subtipo 1, mas os quatro subtipos podem gerar os mesmos sintomas com complicações graves, como é o caso da dengue hemorrágica. “Além disso, os últimos estudos mostram que a pessoa que já teve dengue uma vez, quando acometida por um outro subtipo da doença, tende a desenvolver sintomas mais exacerbados, mais fortes, mais graves”, alerta.
SINTOMAS E GRAVIDADE – Em geral, as manifestações clássicas de dengue, como dores de cabeça e atrás dos olhos, náusea, vômito, coceira e manchas avermelhadas, costumam durar até 10 dias e passar sem sequelas ou complicações graves. Todavia, em alguns perfis de pacientes a atenção precisa ser redobrada, como é o caso de mulheres grávidas e idosos.
“Na gestante, a dengue pode gerar parto prematuro, prejudicar o desenvolvimento do sistema nervoso central do bebê e até provocar o aborto. Já nos idosos, ela pode agravar doenças crônicas pré-existentes, como hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca, todas elas mais frequentes em pessoas com idade avançada, e até mesmo causar morte”, afirma o médico.
TRANSMISSÃO E CUIDADOS – O transmissor (vetor) da dengue é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de água parada e preferencialmente limpa para se proliferar. Apesar de a transmissão ser maior nos períodos chuvosos, evitar o acúmulo de água parada e desprotegida é tarefa para todos os dias porque os ovos do mosquito podem permanecer até um ano em ambiente seco.
“Como estamos saindo da seca e entrando num período chuvoso, o ambiente fica mais propício para que os mosquitos depositem seus ovos e que estes amadureçam mais rapidamente. O período quente e chuvoso é ideal para essa procriação. Como os ovos podem perdurar até um ano em ambiente seco, é possível que agora tenham capacidade de se proliferar. Então precisamos ter uma preocupação maior para evitar esse acúmulo de água parada e também para nos protegermos da picada do mosquito com repelentes e roupas longas”, recomenda Luciano Lourenço.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – A dengue tem cura e é diagnosticada a partir de avaliação médica e exames laboratoriais. Quando o paciente apresenta sintomas clássicos e não tem exames laboratoriais associados, o diagnóstico pode ser feito com avaliação clínica e confirmado definitivamente com exames de sangue.
Quando não há certeza do diagnóstico, é preciso repetir os exames laboratoriais a cada 48 horas para confirmar ou excluir a doença. O médico indica os tratamentos para doenças virais – como repouso e hidratação, além da contenção dos sintomas sem uso de anti-inflamatórios ou de medicamentos que interfiram na coagulação sanguínea.
“Como não há um remédio contra a dengue, ela é tratada com medicamentos para aliviar seus sintomas, além dos cuidados mais gerais para doenças causadas por vírus, como repouso, hidratação e ingestão de alimentos mais leves. No Santa Lúcia, temos equipes extremamente qualificadas para o atendimento correto dos pacientes”, finaliza o coordenador da Emergência.