Voltar
Compartilhe:
06 de August de 2019

Infecções adquiridas em ambiente hospitalar são mais graves?

Segundo o médico infectologista Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecções Vinculadas à Saúde do Santa Lúcia, não é bem assim. Dentro do ambiente hospitalar, as infecções adquiridas mais comumente são as respiratórias (pneumonias), da corrente sanguínea (vinculadas ao uso de cateter intravenoso) e urinárias (devido ao uso de sondas).

As bactérias que as provocam não são necessariamente mais perigosas que as de outros ambientes. “Mas em um paciente internado, cujo estado de saúde já está comprometido, elas podem, sim, ser mais prejudiciais, aumentando o tempo necessário para a recuperação, elevando os custos do tratamento e, em casos mais graves, até mesmo levando o indivíduo à morte. Por isso, todo cuidado é pouco”, alerta.

O controle de infecções vinculadas à assistência à saúde – processos infecciosos adquiridos em qualquer ambiente de serviço de saúde 72 horas após a chegada do paciente ou manifestados até sete dias após a sua saída – é fundamental para garantir a segurança e o sucesso no tratamento.

Nos hospitais do Grupo Santa, a prevenção dessas infecções recebe atenção especial. “Utilizamos protocolos validados pela Anvisa e, juntamente com o setor de qualidade do Hospital e o Núcleo de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (Niras), aprimoramos permanentemente nossos processos de trabalho”, detalha o especialista.

De acordo com ele, os profissionais do Niras atuam junto a todas as equipes do Hospital, especialmente em parceria com os profissionais que trabalham com pacientes submetidos a procedimentos invasivos, a exemplo da introdução de cateter venoso central ou de sondas.

DIAGNÓSTICO RÁPIDO – A identificação de uma infecção vinculada à assistência à saúde é realizada pelo médico responsável por meio do exame clínico do paciente associado à coleta das chamadas culturas, que permitem precisar o seu agente causador. Para isso, o Santa Lúcia utiliza um dos métodos mais modernos.

“Aqui, trabalhamos com uma metodologia de identificação de microorganismos denominada MALDI-TOF, que nos permite identificar as bactérias em até 48 horas. Utilizando métodos convencionais, essa identificação demoraria até sete dias”, compara Werciley Júnior.

PREVENÇÃO – A higienização das mãos com álcool ou água e sabão antes e depois de tocar no paciente ou em seus pertences e a educação continuada de profissionais são duas das ferramentas mais resolutivas para prevenir as infecções relacionadas à assistência à saúde.

“Além disso, todo paciente pode cobrar essa higienização dos profissionais que o atendem. Já os familiares, além dessa exigência, podem também ajudar no controle das infecções evitando transitar nas dependências do hospital para visitar outros pacientes”, recomenda o infectologista.

COMO AGIR EM CASO DE INFECÇÃO – Caso um paciente seja diagnosticado como portador das chamadas bactérias de interesse hospitalar, ele é imediatamente transferido para uma área isolada e os profissionais que lidam com ele passam a utilizar equipamentos especiais para evitar sua disseminação para outros ambientes da unidade.

A partir daí, a equipe de controle busca identificar em que situação o paciente contraiu a infecção para aperfeiçoar os processos e evitar que o fato se repita. Por fim, toda a equipe do setor onde o caso ocorreu recebe um novo treinamento.